Lamborghini Revuelto. O hipercarro híbrido plug-in que mantem o glorioso V12 atmosférico! Ufa…

A Lamborghini – mais propriamente a Automobili Lamborghini – completou 60 anos no ano transato de 2023. Tal efeméride justificou, por si só, que o Museu do Caramulo tivesse tomado a iniciativa de juntar numa exposição temporária edificada no edifício-mor 10 exemplares distintos fabricados na firma fundada por Ferrucio Lamborghini, inclusive um trator agrícola, afinal de contas exemplificativo da atividade primordial do empreendedor italiano, cujo fabrico sob a marca global Lamborghini resistiu até aos dias de hoje. A exposição temporária, denominada “Lamborghini – 60 anos a cortar o vento”, decorreu entre os dias 15 de julho e 17 de setembro, tendo sido um dos pratos fortes do Caramulo Motorfestival de 2023 que decorreu nos dias 8, 9 e 10 de setembro desse ano. Mas os 60 anos da saga automóvel da Lamborghini trazem uma importante revolução. Já lá iremos…

O heritage dos supercarros da casa de Sant’Agata Bolognese começou logo em 1966 com o Miura – desenhado pelo mago Marcello Gandini -, um carro desportivo de grande envergadura derivado de um GT que, segundo a filosofia vigente da marca, não foi construído para ser um carro de corrida, mas um puro carro de estrada, com linhas de design claramente avançadas para o seu tempo e um V12 atmosférico altamente fiável e extremamente potente localizado em posição central traseira. Desde aí e até aos tempos de hoje, a Lamborghini foi mantendo e evoluíndo a sua linhagem de base mecânica V12 atmosférica, com outros modelos icónicos, pela seguinte ordem: Countach (1974-1990), Diablo (1990-2001), Murciélago (2001-2010) e Aventador (2011-2022). Houve ainda versões especiais destes modelos e até modelos especiais com base mecânica dos modelos correntes: referindo-me apenas ao modelo Aventador, nas carroçarias coupé e roadster, foram construídas as versões LP-700-4 (primeira versão), SuperVeloce LP 750-4, S LP 740-4, SVJ LP 770-4 (a versão da foto acima) e, finalmente, a derradeira versão LP 780-4 Ultimae com que a Lamborghini finalizou a saga regular do Aventador. É mesmo de salientar que o Aventador foi o modelo de estrada mais produzido de sempre – nada menos que 11.465 unidades -, marca que o seu sucessor poderá suplantar com relativa facilidade, pois a sua produção já se encontra esgotada para os próximos dois anos!

Surgiram ainda versões muito especiais do Aventador, como por exemplo o Aventador J (com carroçaria em formato spider), e ainda modelos especiais de base mecânica deste, tais como o Veneno, o Centenario, o Sián FKP 37 (o primeiro modelo híbrido da Lamborghini, mas cujo motor elétrico é alimentado por um supercapacitador e não por uma normal bateria de iões de lítio), o Essenza SCV12 (modelo exclusivamente construído para track days, não homologado para uso em estrada pública) e, finalmente, o Countach LPI 800-4 (uma estonteante hommage ao clássico e sempre estonteante Countach), que possui o mesmo sistema híbrido do Sián, cuja review feita pelo carismático Rory Reid para a AutoTrader pode ser vista logo abaixo – e isto é tão só e apenas a ponta do iceberg do que a Lamborghini consegue fazer para cativar qualquer petrolhead.

Hoje a Lamborghini respira saúde financeira sobejante, graças à sua integração no Grupo Audi (do Grupo Volkswagen) que também inclui a fabricante de motas de alta performance Ducati, mas também um nível vanguardista cada vez mais apurado de design, construção e qualidade dos seus produtos. Com a vinda ainda recente do novo CEO da marca, Stephan Winkelmann – que anteriormente chegou a acumular esta função com a função de CEO da Bugatti Automobiles – a marca fundada por Ferruccio Lamborghini parte para novas ambições, entre as quais a sua participação inédita, a partir de 2024 na categoria raínha de Sport Protótipos do Campeonato do Mundo de Endurance (Hypercar), mas também na categoria raínha de Sport Protótipos da competição totalmente norte-americana IMSA SportsCar Championship (GTP), com estreia oficial, não na mítica corrida das 24 Horas de Daytona (estreia cancelada) mas sim nas 12 Horas de Sebring e passagem obrigatória por Le Mans onde já engrossou uma variedade de marcas nunca antes vista num campeonato do mundo de resistência. A arma de combate da Lamborghini chama-se SC63 (“SC” é a sigla de Squadra Corse e “63” faz alusão ao ano de estreia da Lamborghini no fabrico de automóveis de estrada, 1963).

Desde o modelo Miura, a Lamborghini manteve sempre a tradição de dar aos modelos regulares nomes de lendários touros espanhóis ou raças de touros espanholas que lutaram nas praças de touros espanholas, à exceção do Urus – SUV cujo nome faz referência a uma espécie extinta da família dos bovinos, o ancestral do gado doméstico também conhecido como auroque -, mas também do supercarro Countach – cujo termo é um dialeto italiano da região de Piemonte que significa em inglês plague, contagion e correntemente é utilizado para expressar formas verbais de admiração e espanto. Ora para o novo hipercarro, cujas primeiras unidades foram já entregues no último trimestre do presente ano de 2023, a essência taurina na designação do nome mantém-se, mas desta feita a raça é mexida (ou “mixada”, como preferirem). Isto porque, mais do que ser um sucessor do muito bem sucedido Aventador, vai manter e até otimizar a tecnologia de motor V12 atmosférica – rivalizando nesse aspeto com os mais recentes motores da Ferrari que apresentam a mesma arquitetura -, mas acima de tudo vai acrescentar o fator X que o distingue dos demais hipercarros de motor V12 atmosférico: um motor elétrico, ou melhor, três motores elétricos alimentados por uma bateria de iões de lítio recarregável através de tomada elétrica! E foi neste ponto que a Ferrari falhou ao conceber o seu SF90 Stradale, ao não incluir o motor V12 na equação, mas antes um V8 biturbo, julgando que a sua rival iria seguir essa nova tendência. Resultado: para além de um desenho tipicamente em formato de cunha, mas ainda mais bem vincado, focado e atrativo, a Lamborghini subiu a sua fasquia de potência num modelo de estrada para os 1015 cv, sem qualquer recurso a turbocompressores, mas tão só e apenas à motorização elétrica que faz do novo supercarro um híbrido plug-in. Eis o novo touro da ganadaria de Sant’Agata Bolognese, o Lamborghini Revuelto!

Adotando a designação suplementar de LB744, o novo Lamborghini Revuelto foi apresentado a 29 de março de 2023 e é uma clara evolução, tão feliz quanto revolucionária, do Aventador que decididamente colocou a Lamborghini numa posição muito confortável sob o ponto de vista financeiro e de imagem no cada vez mais concorrido mundo dos supercarros. Fazendo uma clara analogia com o mundo tauromáquico e com a tecnologia elétrica, este é o touro que foi atingido por um raio que lhe deu novos poderes, músculos mais bem definidos, um porte mais atlético e cornos ainda mais afiados para vencer em todas as arenas contra todos os seus rivais, ou pelo menos os rivais mais diretos.

O Revuelto é, portanto, um novo marco da história da firma italiana que carrega um novo paradigma sob forma de um hipercarro eletrificado que supera a fasquia dos 1000 cv, primeiro graças a um bloco V12 atmosférico de 6,5 litros de cilindrada, substancialmente melhorado, que por si só produz 825 cv de potência e 725 Nm de binário, depois com o contributo do triplo motor elétrico que produz por si só 149 cv de potência e 336 Nm de binário, resultando em valores combinados de potência e binário cifrados em 1015 cv e 1062 Nm. Uma aceleração de 0 a 100 km/h em apenas 2,5 s e de 0 a 200 km/h em pouco menos de sete segundos, bem como uma gritante velocidade máxima superior a 350 km/h são valores de facto impressionantes para um supercarro atmosférico. Turbos para quê, portanto?…

A nova arma de topo da Lamborghini não se limita a ser o primeiro veículo de alta performance híbrido plug-in da história da marca de Ferruccio Lamborghini. Para fazer locomover o bólide, foi concebida uma nova caixa automática de dupla embraiagem (inédito na marca) e oito velocidades, a qual pode ser comandada por patilhas fixas na coluna da direção, que tem a vantagem de eliminar os “coices” proporcionados pela datada e lenta caixa automática, que apesar de tudo cumpria a sua função de transmitir em pleno todas as sensações de mudança de caixa para o condutor, justamente para transmitir a típica força dos toiros para o contexto automobilístico – e isso tem sido um elemento distintivo da própria Lamborghini desde o surgimento do Murciélago -, mas será que essa característica se perdeu com o novo Revuelto? Outra grande novidade é a adição de um vasto leque de modos de condução – nada menos que 13 – cuja utilização e gestão será mais indicada certamente para tipos com alta sensibilidade de condução desportiva e pilotagem do que para o condutor comum; em todo o caso é sempre bom saber, para o caso de eu, um dia, se ter milhões de euros na conta, comprar um exemplar – é que eu gosto mesmo de virtuosismos tecnológicos como este! Oh yeah! Continuando…

Tal como os seus antecessores Aventador e Murciélago, o novo carro possui um sistema de tração permanente às quatro rodas, sendo que mesmo no modo totalmente elétrico esse sistema se mantém ativo na íntegra, o que é mais um ponto a favor face ao Ferrari SF90 Stradale. E se o design do seu antecessor dava primazia elevadíssima à aerodinâmica e à sinergia entre eficiência, funcionalidade e estilo, no Revuelto tudo isso é mais e mais e mais! Claramente, a Lamborghini tem vindo sistematicamente a melhorar a qualidade e o design dos seus produtos, melhorando sempre a sua “arte de cortar o vento”, temática que dá o mote à exposição temporária patente no Museu do Caramulo. Se bem que um trator é mais hábil a cortar terra do que vento, mas está num estado praticamente imaculado e isso por si só é de salutar! Let’s move on… Um dos aspetos em que a Lamborghini teria de melhorar era o sistema de infoentretenimento e, assim sendo, o Revuelto está dotado do novo Lamborghini Infotainment System, que permite uma experiência verdadeiramente imersiva aos ocupantes. E, tal como no seu antecessor, a sua estrutura é constituída maioritariamente em fibra de carbono, a qual é produzida de modo 100% artesanal e aplicada não só na monofuselagem e no quadro, mas também em grande parte da carroçaria; o uso extensivo deste material e de outros materiais leves, combinado com a elevada potência debitada pela nova unidade motriz, contribui para a melhor relação peso/potência da história da Lamborghini num carro de estrada: 1,75 kg/cv. Posto isto, é chegada a hora de debatermos sobre todos os ínfimos detalhes do novo hipercarro italiano.

A NOVA LINGUAGEM DE DESIGN – inspirada no Sián

O Revuelto inicia uma nova história de amor com os petrolheads que promete ser tão profícua em versões especiais ao longo da sua carreira como aconteceu com o seu antecessor e mesmo os que vieram antes deste. A primeira referência de design pertence ao original Countach, que lhe dá as referências acerca das proporções geométricas e do posicionamento do motor V12 atmosférico. Depois, a evolução lógica de design operada a partir deste, mantendo sempre o formato de cunha, o V12 atmosférico, as portas com abertura vertical em modo tesoura e as proporções das suas formas, mas com as arestas mais vincadas e a carroçaria mais encorpada. São remanescências evidentes as inimitáveis proporções do Diablo e a lâmina flutuante no para-choques traseiro, assim como a musculatura e a frente inclinada do Murciélago. Mas, no meio de uma nova linguagem estística conferida pelo novo Revuelto – que resulta de uma evolução lógica de todos os aspetos do design exterior e interior de toda uma linhagem de supercarro de topo e lhe confere níveis de qualidade e de solidez de construção almejados por muito poucos construtores -, destacam-se expressões linguísticas que tomam a forma da letra Y, presentes na nova assinatura luminosa e no interior do cockpit, compartimento onde o Revuelto inicia uma nova filosofia de Space Race que reforça o pilot feeling envolvente para os ocupantes.

Existem de facto vários detalhes nas formas de alta definição do novo Revuelto que reforçam a forma encorpada do novo hipercarro que corresponde aos padrões módicos dos atuais hipercarros. Primordialmente, o desenho é inspirado por elementos aeronáuticos, caracterizados por superfícies esculpidas englobadas por duas linhas que começam na frente e abraçam o cockpit e o motor, afunilando para a zona do duplo escape desenhado em forma hexagonal. Tais elementos misturam-se harmoniosamente com uma musculatura taurina que começa logo na frente, em plena secção do nariz de tubarão do amplo capô monolítico de fibra de carbono que transmite uma sensação de potência e velocidade e combina com o grupo ótico de faróis em forma de Y emoldurado por lâminas aerodinâmicas que conectam o splitter ao próprio capô, ao passo que as aletas laterais, localizadas atrás das cavas das rodas dianteiras, canalizam o fluxo de ar ao longo das laterais e das concavidades pronunciadas das portas para as entradas de ar laterais, que apresentam arestas vivas fazem sobressair as setas na zona frontal. O tejadilho combina uma zona mais livre em altura com detalhes estéticos e um perfil aerodinâmico específico que, sendo rebaixado, canaliza o ar para a asa traseira, permitindo ao mesmo tempo mais espaço livre na cabine para os dois ocupantes. Quanto à secção traseira, toda ela foi concebida em torno do longitudinal motor V12 atmosférico hibridizado, que ficou totalmente exposto com vista a conectar visualmente ao sistema de escape duplo hexagonal coberto pela asa geometricamente perfilada, emoldurada por grupos de farolins com as assinaturas luminosas em forma de Y.

O “Y” é também o elemento distintivo do interior do Revuelto, claramente orientado para o condutor e influenciado pela filosofia de pilot feeling. O interior reflete o totalmente novo e futurístico design do exterior, combinando um equilíbrio perfeito entre uma experiência digital e uma experiência analógica, ambas no dia a dia e nas incursões de pista. A consola central do cockpit incorpora um pronunciado perfil em fibra de carbono, com formato de “nave espacial” que inclui as saídas de ventilação centrais e o ecrã tátil vertical de 8,4 polegadas. O Revuelto proporciona uma nova experiência de condução e pilotagem partilhada, na qual piloto e co-piloto podem simultaneamente visualizar a mesma informação nos monitores localizados no destacado painel de instrumentos de 12,3 polegadas do condutor e no painel de instrumentos de 9,1 polegadas embutido no tablier do lado do passageiro, através da função de “deslize” que permite ao piloto e ao co-piloto mover aplicações e informação do ecrã da consola central para os paineis de instrumentos laterais do mesmo modo intuitivo e gestual conferido pelos smartphones. Os três displays digitais não só respondem à necessidade de limpeza estilística que permitiu a eliminação da maioria dos botões físicos, mas também implementou novas funcionalidades que permitem ao condutor concentrar-se na condução, tal como num carro de corrida.

Por outro lado, o volante do novo Revuelto foi inspirado pelas corridas de automobilismo e pela experiência da Lamborghini com o Essenza SCV12. Os quatro botões rotativos (ou simplesmente rotores) localizados nos raios do volante são ambos usados para selecionar os modos de condução, bem como os sistema de elevação do carro e de inclinação traseira do mesmo. O desenho intuitivo do cockpit e dos controlos expressam o carácter distinto de um Lamborghini, onde os botões são usados para ativar os indicadores de mundança de direção e o launch control, entre outras funções que permitem ao condutor manter ótimos níveis de aderência em todas as condições.

Face ao seu antecessor, o Revuelto reforça o seu carácter de superdesportivo particularmente adaptado para a condução diária, dotado de níveis excecionais de funcionalidade. O seu cockpit foi otimizado para ser espaçoso, prático e equipado a rigor para sessões de track day, aumentando as cotas de habitabilidade tanto na zona do tejadilho (mais 26 mm do que no Aventador Ultimae) como no espaço para as pernas (84 mm adicionais), o que deixa espaço sobejante detrás dos assentos para acomodar bagagens do tamanho de um saco de golfe que se junta ao compartimento debaixo do capô dianteiro com capacidade para duas bagagens de trolley. Foram ainda incluídos elementos funcionais tais como compartimentos de armazenamento localizados sob o painel central e entre os dois assentos, assim como um porta-copos embutido no painel do passageiro.

O design do novíssimo e estonteante superdesportivo da “ganadaria” de Sant’agata Bolognese é acompanhado por uma forte componente de personalização. Nada menos do que 400 cores (!) de carroçaria estão disponíveis, assim como muito mais opções de personalização, permitindo a criação de um bólide totalmente individual. E por aqui também se mostra a vertente de sustentabilidade ambiental do novo Revuelto: todas as tintas utilizadas são à base de água e não à base de solvente. A vertente ecológica prolonga-se para o interior do modelo, refletindo a preocupação da Lamborghini em evitar qualquer tipo de desperdício que também se refletirá em todos os futuros modelos e, claro está, versões especiais de base Revuelto. Isto inclui materiais de estofamento cortados exclusivamente na “selleria” da Lamborghini com recurso a máquinas de última geração, que são um complemento importante aos processos de artesanato e de bordado que se mantêm como alicerce de excelência da firma taurina. O cockpit, por seu lado, possui na sua estrutura fibra de carbono no dashboard, nas saídas de ventilação hexagonais, na moldura dos três paineis de instrumentação e nas saídas de ventilação centrais, ao passo que o estofamento combina couros finos com o novo tecido ultraleve Corsa-Tex em microfibra Dinamica®, feito de poliéster reciclado através de um processo de produção à base de água. Neste contexto, o futuro proprietário pode escolher uma entre 70 opções de cores disponíveis, incluindo uma mistura equilibrada de couro e Corsa-Tex, ou então uma predominância de um tipo de material face a outro, conforme sua preferência. Mas será que 70 opções chegam para clientes tão exclusivos?…

EFICIÊNCIA AERODINÂMICA

O novo layout aerodinâmico aplicado no Revuelto parte de um novo caderno de encargos que possui requisitos de design distintos do dos do seu antecessor, com vista a uma maior eficiência aerodinâmica face ao substancial aumento de potência. O desenvolvimento baseou-se em quatro pilares: eficiência, sinergia entre os componentes, integração entre os componentes e – o que salta mais à vista – o design. O ponto de eficiência foi atingido pela combinação entre um elevado nível de downforce e o mais baixo nível de arrasto possível, contribuindo para tal a nova asa traseira ativa que confere um melhor desempenho em todos os cenários, razão pela qual foram desenvolvidos novos atuadores que gerem a carga aerodinâmica com três configurações diferentes. A posição da asa muda de acordo com o modo de condução em uso e respetiva dinâmica, mas também pode ser alterada manualmente pelo condutor de acordo com as suas preferências através de um botão rotativo especializado integrado no volante. A posição da asa muda de acordo com o modo de condução e a dinâmica, ou pode ser alterada manualmente pelo condutor de acordo com as suas preferências através do rotor dedicado no volante. A posição “fechada” (baixo arrasto) garante resistência mínima, por exemplo em modo elétrico, sendo também a mais adequada para a poupança de combustível. Melhora os valores de velocidade máxima ao mesmo tempo que garante estabilidade. A “posição de alto downforce”, por outro lado, maximiza o downforce, otimizando a agilidade e a manobrabilidade do novo superdesportivo.

A secção dianteira do novo superesportivo de Sant’Agata distingue-se por um splitter de fibra de carbono com bordo de ataque radial na parte central e inclinado na parte lateral, gerando vórtices que aumentam a carga frontal e desviam o ar, evitando as rodas. A área central tem um formato que canaliza o fluxo para quatro geradores de vórtice traseiros, constituídos por estreitas pás curvas posicionadas na parte inferior da carroçaria, essenciais para aumentar a energia do fluxo de ar que atinge o carro pela parte inferior. Isto, por sua vez, gera uma força descendente adicional e direciona o fluxo de ar em direção ao difusor, o que nunca foi tão extremo num V12. O difusor desempenha funções aerodinâmicas extraindo o fluxo de entrada da parte inferior da carroceria através de um sistema de canalização diferenciado entre a parte central com inclinação baixa (11° vs. 7° do Aventador Ultimae) e a parte lateral com inclinação alta (15° vs. 8° do Aventador Ultimae). O difusor também desempenha uma função estrutural e de refrigeração do compartimento do motor. Em resumo, a nova abordagem de design permitiu ao Revuelto aumentar a carga aerodinâmica dianteira em 33% e a carga traseira em 74% em comparação com o Aventador Ultimae (sob condições de carga máxima).

A sinergia entre os componentes fica evidente no foco colocado no layout de refrigeração que distingue o novo Lamborghini Revuelto. O radiador frontal gera ar quente de forma correta para não prejudicar o desempenho dos radiadores laterais. As venezianas voltadas para fora na grelha de saída do radiador dianteira direcionam o fluxo de ar quente para longe das rodas e dos radiadores laterais, enquanto as aletas localizadas em ambos os lados do para-choques dianteiro reduzem o arrasto aerodinâmico. Todos os elementos foram desenhados e projetados para otimizar o fluxo de ar. Até as maçanetas das portas desempenham uma função aerodinâmica graças ao perfil da asa em “Y”: uma solução que permite desviar o fluxo de ar fresco que recebem do capô dianteiro para uma das aletas horizontais localizadas na lateral, direcionando-o para o radiador.

A máxima integração entre os componentes fica evidente no padrão de refrigeração do sistema de travagem, onde a aerodinâmica é parte integrante do sistema. O par de defletores da suspensão dianteira e a grelha dentro das cavas das rodas foram desenhados não apenas para melhorar a refrigeração dos travões dianteiros – os defletores retiram o ar do difusor dianteiro e o canalizam para o travão – mas são moldados para reduzir a resistência dentro do roda bem, limitando quaisquer fenómenos de compressão enquanto aumenta a carga na frente. Na extremidade traseira, os dois dutos NACA localizados na frente das rodas traseiras coletam o fluxo da parte inferior da carroçaria e o direcionam para o duto de refrigeração do travão traseiro.

O tejadilho em fibra de carbono também desempenha um importante papel aerodinâmico com uma função estrutural que melhora o espaço interior. O desenho do perfil da asa com a parte central vazada direciona o ar para as entradas de ar traseiras e, consequentemente, para o inversor e motor elétrico localizados na caixa de velocidades, ao passo que os volumes laterais do teto proporcionam mais espaço livre para o condutor e para o passageiro.

A INQUEBRÁVEL MONOFUSELAGEM – uma evolução quase “impossível”

A carroçaria do inovador superdesportivo Revuelto é assente num novo chassis de inspiração aeronáutica sob forma de monofuselagem. Além do monocoque inteiramente construído em fibra de carbono multitecnológica, possui uma estrutura frontal constituído por “Compósito Forjado”, um material especial feito de fibras curtas de carbono embebidas em resina. Esta tecnologia foi desenvolvida e utilizada pela Lamborghini nas suas primeiras aplicações estruturais em 2008. A monofuselagem representa um avanço significativo em relação ao Aventador em termos de rigidez torcional, qualidade de leveza e dinâmica de condução. Além disso, o Revuelto é o primeiro superesportivo a ser equipado com uma estrutura frontal 100% em fibra de carbono: a fibra de carbono também é utilizada nas estruturas do cone dianteiro para garantir um nível de absorção de energia significativamente maior quando comparado a de uma estrutura de metal tradicional – o dobro da estrutura frontal em alumínio do Aventador – combinada com uma redução substancial no peso. Na verdade, a monofuselagem do Revuelto é 10% mais leve que o chassis do Aventador, e o quadro frontal é 20% mais leve que o do seu antecessor fabricado em alumínio. A rigidez torcional também foi melhorada com um valor de 40.000 Nm/°, um aumento de +25% em comparação com o Aventador, garantindo a melhor capacidade dinâmica do seu segmento.

O conceito de design subjacente ao desenvolvimento da nova monofuselagem baseia-se numa máxima integração entre componentes, otimizada graças à introdução da extensa tecnologia “Compósito Forjado”, bem como ao desenvolvimento do anel oscilante monolítico, tornando o Revuelto único no segmento dos superesportivos; o componente em forma de anel de elemento único é feito de CFRP (Plástico Reforçado com Fibra de Carbono) e forma a estrutura de suporte do carro. O anel oscilante envolve e conecta os elementos do “Compósito Forjado”, tais como a banheira, o firewall frontal e o pilar A.

A tecnologia mais tradicional, mas não menos eficiente, de produção de compósitos em autoclave com material pré-impregnado foi mantida para a construção do tejadilho. A fibra de carbono autoclavada atende a elevados requisitos técnicos, estéticos e de qualidade, complementados pelo trabalho artesanal no processo de colocação manual altamente especializado, que resulta de anos de produção interna de componentes de materiais compósitos orientada para a qualidade, conferindo ao cliente a máxima versatilidade na personalização do tejadilho.

O chassis traseiro é composto por ligas de alumínio de alta resistência e apresenta duas importantes peças ocas na área da cúpula traseira que integram as torres de choque da suspensão traseira e a suspensão do powertrain num único componente com perfil de inércia fechado, garantindo uma redução significativa de peso, um aumento da rigidez e redução substancial das linhas de soldagem.

O Revuelto representa um novo marco no que respeita ao uso de fibra de carbono na produção de automóveis, resumido na sigla AIM (Automação, Integração, Modularidade). ‘Automação’ refere-se à introdução de processos automatizados e digitalizados na transformação de materiais, preservando ao mesmo tempo o fabrico tradicional da Lamborghini, como na disciplina de compósitos. ‘Integração’ refere-se à integração de diversas funções num único componente através do desenvolvimento da moldagem por compressão. Este processo utiliza polímeros pré-aquecidos para permitir a produção de componentes com ampla gama de comprimentos, espessuras e complexidades, garantindo uma ótima integração entre componentes para garantir soberba alta rigidez torcional. Finalmente, ‘Modularidade’ refere-se ao tornar as tecnologias aplicadas modulares e, portanto, mais flexíveis e eficientes, para responder a todos os requisitos e características do produto.

A DISTINTA ARQUITETURA MOTRIZ DE UM TOURO DE NOVA GERAÇÃO

A Lamborghini distingue-se de variadas marcas de superdesportivos pela contínua utilização de motores V12 ao longo de toda a sua história; afinal de contas, o seu primeiro modelo de estrada – o icónico 350GT de Grande Turismo – data de 1963 e estreou esta arquitetura, que se revelou fiável e de uma sonoridade alucinante e atrativa. Desde então a arquitetura tem sido sistematicamente utilizada nos superdesportivos de topo de gama até que, em 2019, a Lamborghini resolveu “ensaiar” uma inédita motorização híbrida de base V12 com o impactante superdesportivo Sián de produção limitada, um full hybrid que utilizou como extensor de potência um motor elétrico de 25 kW de potência que armazenava a sua energia elétrica exclusivamente aquando das regenerações num supercapacitador (uma solução de engenharia outrora utilizada pelo grupo VW em contexto de competição no Porsche 919 que venceu em Le Mans em 2015, 2016 e 2017).

Pois bem, uma vez consolidado o sucesso comercial do Aventador nas suas varias versões evolutivas, a Lamborghini deu um passo em frente rumo a uma sustentabilidade ambiental focada na performance e no seu heritage V12 e criou uma nova arquitetura motriz híbrida recarregável através de tomada elétrica (Plug-in Hybrid), aprimorando ainda mais o já aprimoradíssimo motor V12, apresentando assim o seu primeiro High Performance Electric Vehicle (HPEV) com uma compacta bateria de iões de lítio e alta potência, alojada no interior do túnel de transmissão na secção central do chassis. Uma solução inovadora que melhora a performance face versão mais potente de sempre do Aventador, ao passo que a emissão de gases nocivos desce consideravelmente. A mais recente evolução do motor de combustão, que recebeu o nome de código L545, possui uma cilindrada de 6.5 litros e é de facto o mais potente e leve motor de sempre alguma vez fabricado pela casa de Sant’Agata Bolognese, pesando apenas 218 quilos – 17 quilos a menos do que o modelo utilizado no Aventador – e foi girado para uma posição oposta em 180º comparativamente ao layout do seu antecessor. Resultado? São 825 cv de potência máxima atingidos às 9250 rpm, isto graças ao sistema de distribuição redesenhado para um red line, já de si impressionante, de 9500 rpm! Assim sendo, a potência específica cifra-se nos 127 cv/l, um recorde para os motores V12 da Lamborghini, que tem reflexo num incremento de binário, para os 725 Nm às 6750 rpm. Contribuindo para estes valores, estão os dutos de entrada de ar para os cilindros que foram redesenhados para aumentar o fornecimento de ar e garantir um fluxo de ar ideal na câmara de combustão, além de que a combustão dentro do próprio motor também foi otimizada graças à regulação da ionização na câmara com duas unidades de controlo (solução já utilizada no Aventador), fazendo aumentar a taxa de compressão de 11,8:1 para 12,6:1, relativamente ao seu muito bem sucedido antecessor. Isto traz melhorias significativas para a dinâmica dos fluidos de escape e reduz a contrapressão em altas rotações, o que ajuda no aumento da potência específica. Até o som do motor, já de si único, emocional e inconfundível, como sempre aconteceu em toda a história dos V12 da Lamborghini, foi enfatizado na nova geração, denominada de L545, ainda mais melodioso a baixas rotações e com subida para um crescendo natural e harmonioso.

Desde que surgiu a versão de quatro rodas motrizes na geração do Diablo (Diablo VT), que todos seus sucessores passaram a ter o sistema de tração integral e que seria mesmo regra absoluta, garantindo uma entrega de potência mais eficaz perante o aumento, tão notório quanto evológico, da potência máxima modelo após modelo, versão após versão. Mas o Revuelto elevou a tecnologia de tração integral a um novo patamar: o sempre glorioso motor V12 atmosférico transmite a sua potência exclusivamente às rodas traseiras, ao passo que os dois motores elétricos dianteiros estão ligados ao eixo dianteiro, cada um deles à sua roda, fornecendo deste modo tração às rodas dianteiras; o terceiro motor elétrico encontra-se posicionado acima da evoluída caixa de dupla embraiagem e oito velocidades que pode fornecer potência extra às rodas dianteiras, dependendo do modo de condução selecionado e de vários fatores. Os dois motores elétricos dianteiros são unidades de fluxo axial refrigeradas a óleo e pesam cada qual apenas 18.5 kg, resultando numa relação de peso/potência excecional para cada uma das unidades de 110 kW (150 cv), ou seja, 0.123 kg/cv. Possuem ainda uma função de vetorização de binário, otimizando a dinâmica de condução e recuperando a energia produzida durante as travagens. Em puro modo elétrico, o Revuelto aciona apenas a tração dianteira, para otimizar o consumo de energia, ao passo que o motor elétrico ligado ao eixo traseiro é ativado apenas quando necessário.

O novo superdesportivo possui uma bateria de iões de lítio de alta potência específica (4500 W/kg) situada no túnel central, mantendo o centro de gravidade o mais baixo possível e garantindo uma distribuição de peso ideal. A bateria está protegida por uma camada estrutural inferior e está ligada aos motores elétricos dianteiros, ao motor elétrico traseiro e ainda a uma unidade de recarga integrada, apresentando dimensões de 1500 mm de comprimento, 301 mm de altura e 240 mm de largura, sendo a sua constituição feita de células do tipo bolsa com uma capacidade total de 3.8 kWh. Com a carga no nível zero, a bateria pode ser recarregada utilizando a corrente alternada doméstica comum e a corrente de coluna de carga até 7 kW de potência, recarregando-se completamente em apenas 30 minutos; complementarmente, pode ser carregada sob travagem regenerativa a partir das rodas dianteiras ou diretamente a partir do glorioso motor V12 em apenas seis minutos.

O novo superdesportivo topo de gama da firma de Sant’Agata Bolognese estreia uma nova plataforma e, como tal, foi necessário desenvolver uma nova caixa automática, de dupla embraiagem, que trabalhará em simbiose com a unidade híbrida plug-in, requisito essencial para lidar com o novo patamar de potência conferida pelo novo powertrain, garantindo uma eficiência nitidamente maior nas passagens de caixa e na gestão dos 725 Nm de binário às 6750 rpm do motor de combustão interna do Revuelto. A nova caixa de velocidades encontra-se posicionada transversalmente atrás do motor V12, a fim de o espaço necessário no túnel para a bateria de iões de lítio, no que representa uma solução inovadora que coloca a marca italiana na vanguarda da indústria automóvel. Com a vantagem de manter a distência entre eixos contida, bem como uma distribuição eficaz das massas para a melhor dinâmica de condução que os proprietários já terão experimentado.

NOTA: Nos mais de 60 anos de história da Lamborghini, apenas dois outros automóveis V12 foram equipados com caixa de velocidades traseira transversal: o revolucionário Miura lançado em 1966, que também adotou um layout de motor transversal centralizado traseiro; e o Essenza SCV12, um hipercarro orientado para a pista com um motor longitudinal e uma caixa de velocidades transversal resistente.

Continuando…

A estrutura interna da nova caixa de velocidades DCT possui dois eixos distintos, ao contrário dos três habituais. Um gere as mudanças pares, o outro gere os números ímpares. Ambos engrenam o mesmo rotor. Este layout ajuda a manter o peso geral baixo e, ao mesmo tempo, a poupar espaço. Isto possibilita a engrenagem de oito velocidades: as primeiras sete são dedicadas à performance pura; a oitava está mais vocacionada para a otimização de consumos na zona de warp speed, mantendo o Revuelto em velocidade de cruzeiro. A “redução continua de velocidade” é outra das particularidades da nova caixa, que faz redução multipla de várias velocidades durante a travagem simplemente mantendo premida a alavanca esquerda, dando ao condutor a sensação de controlo total. Comparativamente à caixa de dupla embraiagem do já “extinto” Huracán, a do sucessor do Aventador é mais leve e compacta – apenas 560 mm de comprimento, 750 mm de largura e 580 mm de altura, e com apenas 193 kg de peso total – e até mais rápida; a disposição transversal permitiu também um interior do habitáculo mais espaçoso, criando mais espaço atrás do condutor e do passageiro para melhorar o conforto.

Passemos agora ao modo de funcionamento da unidade puramente elétrica. O motor elétrico traseiro, localizado acima da caixa de velocidades, funciona como motor de arranque e gerador, além de fornecer energia aos motores elétricos dianteiros através da bateria já mencionada. Em modo totalmente elétrico pode também fornecer energia às rodas traseiras que, para além dos motores elétricos que acionam as rodas dianteiras, permitem a tração elétrica às quatro rodas. O funcionamento do sistema depende do modo de condução ativado, graças a um mecanismo de desacoplamento com um sincronizador dedicado que permite a ligação à caixa de dupla embraiagem. Ao fornecer potência adicional ao motor de combustão interna V12, o motor elétrico está na posição P3, separado da caixa de velocidades, enquanto se desloca para a posição P2 para recarregar a bateria a baixas velocidades e quando estacionado, servindo também como motor de arranque. Na posição P3, o Revuelto pode tornar-se um automóvel elétrico com tração às quatro rodas, dependendo do modo de tração selecionado, dando continuidade à tradição de tração às quatro rodas da Lamborghini mesmo no modo elétrico (pois claro!). A marcha-atrás é fornecida pelos dois motores elétricos dianteiros, embora se for necessário impulso extra, o motor eléctrico traseiro também pode entrar em acção, o que ativa o eixo traseiro e respetivas rodas. Como resultado, o Revuelto pode conduzir as quatro rodas em modo elétrico, mesmo em marcha-atrás em condições de baixa aderência.

OS 13 MODOS DE CONDUÇÃO DO NOVO BÓLIDE REBELDE REVUELTO

Juntamente com o sistema híbrido plug-in estreado pelo Revuelto, são incorporados três novos modos de condução dedicados, Recharge, Hybrid e Performance, os que combinam com os modos Città (Cidade), Strada, Sport e Corsa, selecionáveis através de dois botões rotativos localizado no novo volante, para um total de 13 configurações dinâmicas que destacam as diferentes personalidades e potencialidades do novo hipercarro consoante a situação e o tipo de estrada, ou pista, na qual é conduzido. Isto também acontece no novo Lamborghini Temerario que sucede ao Huracán.

O modo Città, por exemplo, é o modo de condução concebido para a condução diária nos centros urbanos, também com zero emissões; se a bateria de iões de lítio que alimenta os motores elétricos necessitar de ser recarregada e não existirem postos de carregamento disponíveis, o V12 intervém para recarregá-la totalmente (modo Recharge) em apenas alguns minutos. Isto permite, por exemplo, aceder aos centros históricos das cidades com restrições de emissões em modo eléctrico. O sistema de suspensão, o controlo de tração e a caixa de velocidades proporcionam o máximo conforto, assim como o reduzido arrasto aerodinâmico faz do Città o modo mais eficiente em termos de consumo de combustível, com uma potência máxima limitada a 180 cv.

O modo Strada é perfeitamente adequado à condução dinâmica do dia a dia e às viagens longas, combinando elevado conforto com elevada desportividade, expressando até 886 cv de potência. O motor V12 está sempre ativo, garantindo também um estado constante de recarga da bateria que é otimizado e levado ao máximo no modo Recharge. O eixo eletrónico dianteiro suporta a vetorização de binário e a aerodinâmica ativa trabalha para proporcionar a máxima estabilidade a altas velocidades, por exemplo, na autoestrada.

A seleção do modo Sport altera a personalidade do Revuelto e o comportamento do automóvel está definido para oferecer uma experiência de condução emocionante com uma condução divertida e uma orientação responsiva em cada um dos três modos combináveis: Recharge, Hybrid e Performance. O motor de combustão, auxiliado pelo sistema híbrido, ativa-se nas três situações, debitando um máximo de 907 cv de potência com o som do V12 expresso nos seus tons mais contundentes. A caixa de velocidades reage com a máxima capacidade de resposta, enquanto a suspensão e a aerodinâmica melhoram a agilidade do automóvel e o prazer de condução em curva.

O auge do dinamismo e da potência, tanto em termos de performance como de som, é alcançado no modo Corsa, o modo de condução concebido para realçar as capacidades dinâmicas do Revuelto em pista. No modo Performance, o grupo motopropulsor expressa o máximo do seu potencial ao debitar 1015 cv e o controlo do sistema híbrido é calibrado para tirar o máximo partido do eixo elétrico em termos de vetorização de binário e tração integral, para uma condução ultradesportiva, mas acessível. No modo Corsa Recharge é possível priorizar a bateria, maximizando a sua recarga. Para os condutores experientes, também é possível desativar o ESC para experimentar a potência máxima disponível sem controlos ativos e sentir a emoção de um arranque parado com a potência máxima graças à função “launch control”, que pode ser ativada mantendo pressionado o botão localizado no centro do botão rotativo esquerdo.

HMI, Infotainment, Conectividade e ADAS

O Revuelto oferece um sistema completamente novo denominado Human Machine Interface (HMI), composto por três ecrãs: um painel de instrumentos de 12.3′, um ecrã central de 8.4′ e, além disso, um ecrã de 9.1′ . O sistema tem um aspeto renovado, com gráficos 3D, animações, widgets e estilos. Os três monitores são geridos por um “cérebro” tecnológico dentro de um design unificado, garantindo uma interface de utilizador consistente em termos de cores e gráficos, bem como uma interação coerente entre todos os monitores. Quanto ao novo sistema de infoentretenimento, este oferece novas funções que permitem a personalização e a customização para criar uma experiência Lamborghini autêntica e envolvente. Em particular, ao deslizar com dois dedos, o proprietário pode mover o conteúdo do infoentretenimento para o painel de instrumentos ou para o visor do passageiro. Utilizando um gesto semelhante, o proprietário pode memorizar os recursos favoritos para que estejam apenas a um toque de distância.

O novo design do volante é inspirado na interação com o volante de um carro de corrida da estrutura Squadra Corse, proporcionando a sensação de um piloto. Os controlos adicionais permitem que todas as dinâmicas do veículo e os comandos multimédia estejam confortavelmente ao seu alcance. O Revuelto permite ao passageiro desfrutar das sensações de um copiloto, graças às informações dinâmicas de condução disponíveis no display dedicado ao passageiro.

O sistema de navegação foi totalmente redesenhado e desenvolvido de raíz, utilizando mapas descarregados em tempo real para garantir que estão sempre atualizados para as áreas solicitadas. O cálculo da rota e o motor de busca são agora significativamente mais rápidos utilizando para tal dedicados servidores online. A navegação incorpora também informações de trânsito em tempo real, meteorologia e outras informações integradas, como um banco online de pontos de interesse continuamente atualizados, incluindo lugares de estacionamento, postos de abastecimento de combustível e disponibilidade de pontos de carregamento. Além dos locais, outras informações como horários de funcionamento, preços e detalhes de utilização são apresentadas quando disponíveis.

O Amazon Alexa permite o acesso a funções de controlo do veículo, como o tempo, a navegação e os media, através de comandos de voz. Vêm além das funções padrão do Alexa relacionadas com o entretenimento e o controlo de dispositivos domésticos inteligentes. Este sistema, especialmente concebido para o Lamborghini Revuelto, integra ainda a funcionalidade “What3Words” que, em conjunto com o sistema de navegação embarcado, permite conduzir para qualquer parte do mundo, mesmo que não tenha uma morada específica.

O Lamborghini Revuelto apresenta um sistema de entretenimento renovado, com um novo design original. O novo sistema de rádio online tem milhares de estações disponíveis, com uma função de pesquisa baseada na popularidade, género e país. O SiriusXM 360L (para o mercado dos EUA) é uma actualização significativa em comparação com o SiriusXM anterior e oferece agora significativamente mais conteúdos ligados, incluindo programas, desporto, podcasts, Pandora e Xtra. O sistema de infoentretenimento conectado Lamborghini Revuelto pode evoluir com o tempo. Com o sistema integrado de atualização de software over the air, o veículo receberá atualizações para fornecer mais conteúdo. O sistema melhorado suporta a atualização de funcionalidades não só do ecrã de infoentretenimento, mas também do painel de instrumentos e do ecrã do passageiro. Ou seja, full service de atualizações de cada vez que o touro ruge bem alto de insatisfação…

A interação com o Lamborghini Revuelto continua mesmo depois de o motor ser desligado. Utilizando a aplicação móvel Lamborghini Unica, o proprietário pode monitorizar constantemente o estado do carro, incluindo o nível de combustível, a carga da bateria, a autonomia elétrica e a sua posição exata quando estacionado. A aplicação Unica permite ainda uma série de operações remotas, como trancar e destrancar portas, tocar a buzina ou acionar as luzes do carro, algumas funções também disponíveis com o Apple Watch. O proprietário mantém o controlo do seu carro mesmo quando conduzido por outro. Podem ser definidos parâmetros de velocidade máxima, bem como limites horários e de utilização via geolocalização: se o automóvel ultrapassar uma velocidade definida, ultrapassar os limites de uma área definida ou for utilizado para além de um determinado tempo, o proprietário é avisado através da aplicação. Bem… por aqui se vê o extremo cuidado que a Lamborghini tem pelos touros e pelos ganadeiros! Well done, Ferruccio! E a Lamborghini não se fica por aqui (check this out)!

A Lamborghini a implementou pela primeira vez um ADAS (Advanced Driver Assistance System) completo, que inclui funções avançadas para melhorar a segurança e a condução diária graças a um sofisticado sistema de câmaras, radar e sensores. O pacote inclui o Active Lane Departure Warning (ALDW), que monitoriza as marcações da faixa e corrige a direção se o condutor cruzar inadvertidamente a linha da faixa. Além disso, o Lane Change Warning (LCW) monitoriza os ângulos mortos e avisa o condutor de qualquer perigo antes de mudar de faixa. O Cruise Control Adaptativo (ACC) regula a velocidade do automóvel e a sua distância ao veículo da frente, acelerando ou travando de forma autónoma. E esta, hein?! Oh Chico, agora já não podes dizer que os Lamborghini não são seguros!

Para tornar as manobras mais fáceis e seguras, o Revuelto está equipado com Rear Cross Traffic Alert (RCTA). Ao fazer marcha-atrás, o dispositivo avisa o condutor se houver obstáculos a atravessar atrás e bloqueia em caso de colisão iminente. Além disso, o sistema de câmaras permite que as funções de visão traseira e vista superior sejam apresentadas no painel de instrumentos: o condutor não só pode ver a visão traseira, como também uma visão virtual do automóvel visto de cima. Isto também é válido para condutoras…

Por fim, e não menos importante: os faróis proporcionam luzes de médios Auto Adaptive com função de curva para melhorar a visibilidade em todas as condições de condução e durante as manobras. Os máximos estão equipados com uma função de matriz anti-encandeamento (dependendo do mercado) que controla automaticamente sectores independentes permitindo uma experiência de condução mais precisa e confortável: além disso, oferecem também uma função adicional de impulso para atingir uma profundidade luminosa de cerca de 400m. Isto é particularmente importante se estivermos a conduzir à noite nos perigosos troços da IP4 que percorro até chegar a Aboadela e vice versa, e até para ver ao detalhe poças de água e marcas de óleo derramado, não vá o diabo tecê-las.

CONCLUSÃO

À data em que concluo a escrita deste artigo, já é amplamente notória a popularidade que o Lamborghini Revuelto goza, sobretudo nas redes sociais e em diversos canais de YouTube, mesmo constatando que a aceleração de 0 a 100 km/h parece não ser marginalmente tão forte como a do Ferrari SF90 Stradale (coisa sem grande importância para os “ferrucianos”). Aliás, teve mesmo o condão de fazer uma belíssima estreia artística na Rampa Histórica Michelin no Caramulo Motorfestival de 2024 como carro “00”, dando o tiro de partida para as provas das categorias Speedmasters e Chronomasters que decorreram ao longo de todo o evento.

É expectável que a Lamborghini fabrique versões especiais do Revuelto e até mesmo modelos exclusivos de base Revuelto, a exemplo do que aconteceu com os seus antecessores. Independentemente de existir a dúvida sobre se o Revuelto será o último hipercarro de motor V12 da história da Lamborghini, seja pela constante ameaça legislativa aos motores de combustão, seja ainda pela questão margem de evolução do motor V12 que terá atingido o seu limite de desenvolvimento. Uma coisa é certa: com o Revuelto, a Lamborghini manteve na íntegra o heritage que continua a fidelizar os acérrimos fãs da marca, que por certo não se importaram com a adição da componente elétrica (bem pelo contrário!), ao passo que melhorou todos os pontos menos positivos que o seu antecessor transportava (que não eram considerados defeitos, mas feitios). A Lamborghini e o grupo Audi estão mais uma vez de parabéns por apresentarem uma nova geração de modelos que, ligando-se à corrente elétrica, não se deixam dominar por ela, mas antes dominam-na na sua “arena”… simbioticamente! A performance, o design e a emoção, esses ficaram bem conservados e adaptados à contemporaneidade do tempo e do espaço em que vivemos. Tais atributos também se aplicam no novo Lamborghini Temerario (sucessor do Huracán), modelo que vou esmiuçar num artigo próximo, brevemente…