Eis que finalmente resolvo inaugurar a rubrica dos clássicos aqui no SPUNIQCARS. Depois de muito divagar e de andar na rua feito cão, vejo que apenas um modelo seria digno de inaugurar o marcador. Senhoras e senhores, o vencedor é… o desportivo Ford Puma!
Imortalizado no spot publicitário da Ford em homenagem ao ator Steve McQueen, quando ainda estávamos longe de imaginar a reencarnação do Mustang que fez furor no filme Bullit com o mesmo ator que foi também protagonista no filme Le Mans, o Puma foi concebido para dar uma valente coça ao cada vez mais popular Opel Tigra, surgido três anos antes. Assim como o Opel Tigra foi buscar a base mecânica ao Opel Corsa B, o felino da marca da oval azul foi buscar a do Fiesta MkIV. Passaram a haver duas lutas em paralelo: a luta Fiesta-Corsa e a luta Puma-Tigra. A Ford estava mesmo decidida a aniquilar, uma vez mais, a General Motors, à qual a Opel pertenceu até ao ano de 2017. Para além do facto de criar um segundo animal no seu circo automobilístico para venda exclusiva na Europa, para acompanhar o Mustang que era vendido a nível oficial, até à pouco tempo, apenas do outro lado do Atlântico. Com a vantagem de ser bem mais acessível, pois claro!Com um design distintamente curvilíneo de fio a pavio – inserido na filosofia New Edge – o Puma iniciou a sua carreira em 1997, em forma de “coupé derivado de hatchback” (se é o que se pode classificar) de três portas e quatro lugares (2+2), forma adotada também pelo seu concorrente Tigra. Esteticamente tem um perfil mais alto do que o do Tigra, o que lhe dá um maior carácter de agilidade.
Apenas um “à parte”: Tigra soa a “tigre”, o que significa que esta luta é uma autêntica analogia à luta entre as duas espécies de felinos de grande porte. Grrrrrr…
O Puma, que pesava uns meros 1035 kg, estreou uma nova geração de motores de 16 válvulas denominada Zetec, com a particularidade das suas versões próprias do motor – os Zetec SE – terem sido desenvolvidas em parceria com a japonesa Yamaha. Foi fabricado na Alemanha entre os anos 1997 e 2001, não havendo até ao momento um sucessor. Começou com a versão de motor 1.7L de 125 cv com temporização de válvula variável (VCT) que o elevava aos 203 km/h, com uma aceleração dos 0 aos 100 km/h em 9,2 segundos e um binário de 157 Nm. No ano seguinte acrescentou uma segunda versão de motor, o 1.4L de 88 cv, que demorava cerca de mais dois segundos a acelerar dos 0 aos 100 km/h, com um binário mais fraco, de 125 Nm, tendo esta versão sido substituída, já no ano de 2000, pelo motor 1.6L de 104 cv, capaz de 190 km/h de velocidade máxima e de 145 Nm de binário. Em termos dinâmicos e de interior, partilhava vários componentes com o Fiesta, tais como as suspensões do tipo McPherson, o painel de instrumentos e muitos pormenores de acabamento. Contudo, os principais elementos distintivos do Puma no interior são: o punho da caixa manual (em forma de esfera metálica) e a inscrição do logo “Puma” na zona à frente da alavanca da caixa manual de cinco velocidades.

A Ford, a fim de satisfazer os fãs das corridas de automóveis, lançou no ano de 2000 uma versão vitaminada, chamada Ford Racing Puma, com para-lamas de maiores dimensões, bancos frontais de competição azulados com o bordado “Ford Racing”, jantes especiais de maiores dimensões e um nível superior de potência do motor 1.7L, elevado aos 155 cv, que o fazia acelerar dos 0 aos 100 km/h em 7,9 segundos e ultrapassar, ainda que ligeiramente, a fasquia dos 203 km/h de velocidade máxima, graças a um novo sistema de comando variável de válvulas e uma revisão nos coletores de admissão e no sistema de escape. Inicialmente, a Ford tinha planeado produzir 1000 unidades do Racing Puma, mas acabou por produzir 500, todas identificadas pelo número no coletor de admissão. Todos os exemplares desta coleção foram vendidos exclusivamente no Reino Unido.
O Ford Puma teve a honra de receber dos responsáveis do programa Top Gear a distinção de Carro do Ano Top Gear de 1997, contribuindo para tal o teste dinâmico feito pelo carismático jornalista e apresentador da BBC, Jeremy Clarkson. Foi, de facto, um coupé desportivo acessível que, apesar do curto período de produção, conseguiu almejar o sucesso desejado por toda a Europa, Portugal incluído. A sua robustez e fiabilidade faz com que ainda hoje muitos exemplares sejam vistos a circular, mesmo em Portugal, daí a expressão “uma espécie ainda longe da extinção”. Em qualquer uma das versões, não se perde pitada de prazer de condução, que é similar ao de um Golf GTI mais clássico, por exemplo.
No mercado dos usados, os preços variam entre os 680€ (versão 1.4L) e os 3500€ (versão 1.7L VCT), segundo dados do site OLX à data de 06/04/2018.