Bentley Mulliner Batur. O mais poderoso GT de luxo de sempre, com pronúncio de futuro e honras de um passado muito feliz!

A Bentley é, muito provavelmente, a marca britânica que melhor soube preservar o seu know how no que respeita à simbiose entre luxo e desportividade, de um modo particularmente afincado, sobretudo desde que foi adquirida pelo grupo Volkswagen. Quem hoje em dia olha para um Bentley construído nesta era, percebe que, tendo parecências com modelos do passado da marca, apresenta uma imagem francamente mais robusta, mais esbelta, mais nobre, mais luxuosa e, ao mesmo tempo, mais desportiva. Comparando com a marca Porsche, com a qual partilha alguns componentes, pode-se afirmar que a Bentley atingiu o nível desejado pelos atuais responsáveis da marca – e que sempre foi desejado pelo fundador – , o qual emparelha com muita pouca margem de erro com a icónica firma germânica de Estugarda. Isto aconteceu graças, mais uma vez, ao génio do já malogrado Ferdinand Piëch, que no mesmo portfólio juntou outras marcas como… Bugatti e Lamborghini! No caso da Bentley, o grande porta-estardarte da marca é o motor W12 cuja arquitetura representa 3/4 do tamanho do glorioso W16 da Bugatti que – infelizmente – entoará o seu “canto do cisne” antes da sua “morte” no recém-apresentado speedster Bugatti Mistral. Por seu lado, o motor W12 equipa desde 2003 o mais bem sucedido modelo de Grande Turismo, denominado de Continental GT, que já percorreu três gerações desde então, em plena evolução de formas e constante aumento de potência. A ponto de fazer derrapagens controladas com a mesma graciosidade com que os antigos modelos pré-VW desfilavam nas estradas; vejam bem como ele faz para disparar… pinhões!

A versão mais desportiva da presente geração do Continental GT, o Bentley Continental GT Speed, atreve-se a ser atrevido perante todas as convenções que compõem a doutrina tipicamente britânica, com os seus 659 cv de potência e 900 Nm. Mas não é um Mulliner no seu todo, pese embora exista uma versão com este nome, porventura a mais luxuosa de todas! O que quer isto dizer? Bom, vamos por partes…

BREVE HISTÓRIA DA MULLINER – e sua integração no universo Bentley

A história da Mulliner começou em 1559, apenas 1 ano depois ter subido ao trono de Inglaterra a Raínha Elizabeth I. Nesse tempo, a família Mulliner começou a dedicar-se ao fabrico de transportadores e de seleiros. Mas foi apenas em 1760 que ganhou destaque na sociedade, quando Francis Mulliner foi contratado para construir e manter carruagens para o Royal Mail. Muitos anos mais tarde, em 1870, Robert Bouverie Mulliner funda a sua própria empresa de construção de carroçarias, a Mulliner London Limited, seguindo a busca continua pela perfeição por parte dos seus antepassados. Na viragem do Século XIX, Henry Jervis Mulliner transferiu o negócio da família para a elegante Mayfair de Londres, sob o nome de H.J. Mulliner & Co. Neste ponto, a firma estava perfeitamente posicionada para servir a elite da sociedade, passando a elaborar requintadamente cada carruagem de acordo com os requisitos exigidos por cada cliente.

Provavelmente, o primeiro modelo de carroçaria concebido pela Mulliner…

Foi com a chegada de um novo meio de transporte chamado “automóvel” que a Mulliner decidiu acabar de uma assentada com o fabrico de carruagens puxadas por cavalos – isto apesar de os cavalos não terem culpa de terem de fazer as suas necessidades em plena rua, o que tornava as cidades nauseabundas -, mas não era propriamente fácil – como ainda hoje não o é – fazer a aquisição da “charrete movida a motor”; naquele tempo, os automóveis saíam da fábrica apenas com um motor montado no chassis, com volante e sistema de transmissão, e os primeiros fabricantes de automóveis necessitavam de empresas especializadas na construção e montagem de carroçarias e cabines por cima do chassis, bem como de decoração de interiores com assentos e outros adornamentos que dessem ao carro uma imagem mais vistosa e recreativa. Assim, a Mulliner tornou-se um carroçador de referência de customização consoante as necessidades e os gostos dos clientes… se bem que conduzir um automóvel não era mais fácil do que puxar carroças com cavalos! Mas o conceito automóvel iria evoluir a um ritmo alucinante, ao ponto de se justificar a realização de corridas de resistência para testar a durabilidade de diversos itens mecânicos e de segurança e, em 1923, realizar-se-ia a primeira edição do “Grand Prix D’Endurance de 24 Heures” em Le Mans, mais tarde conhecida como Les 4 Heures du Mans (As 24 Horas de Le Mans), naquele que seria o lamacento circuito permanente de La Sarthe, que viria a sofrer importantes evoluções e atualizações ao longo dos anos seguintes.

Bentley 3 Litre (1923), que venceu as 24 Horas de Le Mans em 1924 e 1927.

A 10 de julho de 2019 nascera a Bentley Motors Limited, na localidade londrina de Cricklewood pelas mãos de W. O. Bentley. Mais tarde a firma britânica estabeleceu uma parceria com a Mulliner e, em resultado disso, foi concebido um dos mais marcantes double seater da marca hoje sediada em Crewe: o Bentley 3 Litre, que foi o primeiro carro de estrada da marca (e também o seu primeiro carro desportivo) e, ao mesmo tempo, o primeiro carro de estrada com motor de pistões em alumínio e quatro válvulas por cilindro, neste caso num bloco de quatro cilindros. Uma inovação mundial na indústria automóvel que tornaria os motores mais leves e performantes, que fora primeiro estreada em aviões de caça da Primeira Guerra Mundial!

Pois… afinal W.O. Bentley era mesmo um génio! Daí que tanto o motor W12 do grupo Volkswagen como o W16 da Bugatti partilhem desta tecnologia tão ancestral…

Bentley Speed Six – vencedor das 24 Horas de Le Mans em 1929 e 1930 – e seus “Bentley Boys”…

A Bentley fez parte do portfólio de construtores que participaram na primordial edição de 1923 das 24 Horas de Le Mans e, no ano seguinte, viria a estrear o esbelto modelo com o qual viria a conquistar a primeira (em 1924) de seis vitórias à geral (incluindo a de 2003 com o moderníssimo protótipo LMGTP Bentley EXP Speed 8 com chassis-motor Audi). Só na década de 1920, a Mulliner construiu carroçarias para 240 exemplares da Bentley, mas nunca iguais uns em relação aos outros.

É também sabido que havia concorrentes neste campo, o que fez a Mulliner estabelecer laços mais fortes com a Bentley. Em 1952 nasceu aquele que seria uma espécie de antecessor espiritual do Continental GT, nada mais nada menos que o revolucionário Bentley R-Type Continental. Já em 1957, utilizando o chassis-motor do R-Type Continental, concebeu uma carroçaria de quatro lugares que daria origem ao primeiro Bentley Continental Flying Spur (geração S1), que logo a partir deste ponto seria a referência-mestre das limusinas luxuosas, mesmo dentro do universo da Rolls-Royce no qual a Bentley estava, à época, inserida (desde 1931 até 1980). Daí que muitas vezes os Bentley fossem confundidos ou apelidados de Rolls-Royce, tais eram as semelhanças de design, sobretudo nos carros de quatro portas.

Em 1959, a Mulliner foi oficialmente adquirida pela Bentley, mudando as suas instalações para o antigo departamento de engenharia experimental naquela que é a atual fábrica da Bentley, em Crewe, permanecendo aí desde então. Atualmente, a agora divisão de luxo… e de operações especiais da Bentley, oferece uma gama de produtos e serviços, desde opções premium que podem ser instaladas em modelos de série à medida em que estes vão sendo construídos – a atual gama Bentley inclui os modelos Continental GT (coupé), Continental GTC (cabriolet), Flying Spur (berlina) e Bentayga (SUV) – até carros de luxo coachbuilt sob medida verdadeiramente exclusivos, tal como antigamente. Sempre com metodologia 100% artesanal, mas adaptando-se à mais evoluída tecnologia de fabrico de automóveis. Foi assim que a Mulliner concebeu a Limusina de Sua Majestade A Raínha Isabel II (Her Majesty The Queen’s Limousine), o que diz muito sobre o excelso nível de qualidade dos automóveis de Crewe. Foi também neste departamento que foi concebida uma edição muito especial do Continental GT, o “Number 9 Edition by Mulliner”, e também o penúltimo modelo de motor W12, um roadster em formato barchetta de dois lugares inspirado no protótipo EXP 100 GT, cuja produção foi de uns muitos exclusivos 12 exemplares, o exótico Bentley Mulliner Bacalar. Ambos para celebrar os 100 anos da Bentley, um em pleno ano de aniversário, outro já em ano em que “rebentou” a malfadada pandemia. A Mulliner é, oficialmente, o mais antigo carroçador do mundo em atividade, com mais de 260 anos de história!

Até que chegou o ano de 2022. Mais precisamente, o dia 21 de agosto de 2022. A Mulliner (ou Bentley Mulliner) apresenta a sua mais recente obra-prima, um Grande Turismo que antecipa as linhas de design do primeiro modelo 100% elétrico cuja chegada aos salões está prevista para 2025. Será, ao que tudo indica, o derradeiro “canto de cisne” do glorioso motor “W12 6.0 Litre Twin Turbo”, que aqui atingirá um novo recorde absoluto em termos de potência e de binário. Será, mais uma vez, um modelo extremamente exclusivo, desta feita com produção limitada a 18 unidades, todas elas já reservadas. Senhoras e senhores, a Bentley Motors apresenta o Bentley Mulliner Batur!

BENTLEY MULLINER BATUR – o automóvel mais potente da história da Bentley

O Batur é a mais recente criação da Bentley Mulliner. O design e o excelso nível de qualidade não deixa dúvidas: trata-se de um Bentley genuíno de uma ponta à outra, do exterior ao interior. Tal como o seu antecessor – o Bacalar – a designação “Batur” tem origem numa bela forma de água – neste caso a bela lagoa Batur, com 88 metros de profundidade e 16 km2 de cobertura, localizada em Kintamani, na ilha indonésia de Bali, a qual fornece água rica em nutrientes para fontes termais locais e agricultura. Tal como o Bacalar, é um double seater sports car, tal como os primeiros Bentley da história, neste caso em forma de GT.

O Batur marca o início do crepúsculo do icónico motor W12, ao abrigo do programa de transição para a mobilidade elétrica denominado Beyond 100. Também por isso a Bentley “meteu toda a carne no assador”, fazendo uma profunda recalibração do motor – com novos turbos e intercoolers – que passa a debitar novos recordes de potência e de binário do seu bloco de seis litros biturbo: 740 cv e 1000 Nm! A acompanhar este brutal aumento de 81 cv e 96 Nm face ao que equipa o Bacalar, o global chassis Bentley evoluiu para um novo nível nunca antes visto, passando a estar equipado com a suspensão pneumática Speed-tuned, o controlo eletronicamente ativo de antiderrapagem, o sistema eLSD, o sistema de quatro rodas direcionais e ainda um sistema de vetorização de binário.

De facto, todos os 18 exemplares do Batur foram já reservados, cada qual no valor astronómico de 2 milhões de libras. Cada qual será projetado numa colaboração muito estreita entre entre o construtor e o cliente (onde é que já ouvimos isto?), sob a batuta da equipa de design da Mulliner. Cada futuro proprietário poderá especificar a cor e o acabamento de praticamente todas as superfícies do Batur, a fim de corresponder à individualidade condizente com as próprias características do cliente. Cada exemplar será feito à mão ao longo de vários meses na oficina da Mulliner sediada nas instalações da Bentley, agora neutra em carbono. As primeiras entregas estão agendadas para meados de 2023. Haverá algum português que se tivesse atrevido a reservar este modelo?…

O design do Batur esteve a cargo da equipa chefiada por Andreas Mindt, na qual estão incluidos o chefe de design exterior, Tobias Suehlmann, e o chefe de design de interiores, Andrew Hart-Barron. O atual DNA de design da Bentley que impulsionou a criação das atuais gerações dos modelos Continental GT/GTC, Flying Spur e Bentayga foi revolucionado para o Batur, em parte inspirado no recente concept car EXP 100 GT, introduzindo novos temas, abordagens e detalhes. Assim começa um novo capítulo para o design da Bentley, que ambiciona em se tornar líder mundial em mobilidade de luxo sustentável. O Batur estabelece, assim, as bases de design para o primeiro modelo 100% elétrico que fará a sua aparição em 2025, bem como para os modelos BEV que se seguirão.

Andreas Mindt explica-nos sobre o design:

“Para qualquer equipa de design, a oportunidade de redefinir as nossas próprias regras é o desafio mais emocionante. Reimaginamos a linguagem de design da Bentley, mantendo alguma continuidade com o passado e o presente, ao mesmo tempo que alteramos drasticamente os principais elementos.

“O design de um Bentley moderno deve ser sempre potente, inspirador e harmonioso. A forma tem que ser forte e musculosa enquanto permanece graciosa – deve haver um fluxo elegante e musculoso. O termo que usamos é a “postura da besta em repouso” – imagine um leão ou tigre, deitado em posição de ataque na savana. Essa forma poderosa – de potência máxima em repouso, que parece rápida mesmo quando estacionária – é aquela que impulsiona nossa nova interpretação da clássica linha de energia e quadril da Bentley.

“Uma marca de poder e prestígio foi sempre um capô encorpado. As nossas novas sugestões de design incluem uma linha que se estende do capô ao longo de todo o comprimento do carro, conectando o capô à carroceria, tornando o carro longo e magro e dando uma proporção alongada à frente. Chamamos esse recurso de “capô sem fim”, e é o único ponto de destaque para uma forma mais limpa do capô. Enquanto isso, a massa visual do carro é movida para trás, dando a impressão de que o carro está sentado no eixo traseiro, o que adiciona mais profundidade às ancas.

Na frente do carro, modernizamos a famosa grelha frontal do Bentley e tornamo-la mais baixa e mais vertical, para dar um rosto mais forte e uma postura mais dominante. Esta elegância vertical traz autoconfiança com uma postura de luxo. A grelha é ladeada por um novo formato e design dos faróis, uma evolução do design usado no Bacalar que mantem os faróis grandes, um de cada lado. Estes são combinados com os novos farolins traseiros, que ladeiam o spoiler desdobrável.

“No geral, a forma é mais limpa e simplificada, e confiamos mais em superfícies curvilíneas divididas nos lugares certos para refletir a luz e a escuridão e trazer mais força ao design.”

Para além da forma exterior do carro, há toda uma variedade quase infinita de escolhas para o futuro proprietário de cada carro poder fazer. As opções de pintura são infinitas – a começar com a completa palete de cores Mulliner e mais além, para uma pintura totalmente personalizada e até gráficos pintados à mão. Imaginem que seria eu um dos propretários do Batur, como seria a decoração do meu carro?…

As aplicações aerodinâmicas do splitter dianteiro, bem como as saias laterais e o difusor traseiro podem ser fabricados em fibra de carbono ou então no novo composto de fibra natural sustentável. Ora tendo eu fibra desportiva nas minhas veias mas também uma paixão enorme pela natureza e pela ecologia, que material eu escolheria?…

O brilho exterior do Batur pode ser qualquer mistura de claro e escuro, acetinado ou brilhante ou.. até titânio! De acordo com o exemplar revelado, existe outra opção que é a cor contrastante graduada na grelha frontal, para o um efeito de ombre vibrante.

As jantes que equipam o Batur são exclusivas deste modelo, com tamanho de 22 polegadas, com a opção padrão pintada em Black Crystal e, em seguida, usinada e polida com efeito brilhante. Existe outra opção mais escurecida que combina faces de brilho escuro com raios acetinados, ao passo que os clientes também podem optar por combinar as rodas com a carroçaria, com ou sem acabamento de contraste, ou ainda escolher escolher uma cor de contraste completamente diferente. Acima de tudo, há que imperar o bom gosto, de acordo com as características e as “vibrações” de cada pessoa…

O exemplar mostrado em Monterey foi especialmente decorado para mostrar a linguagem das formas do Batur. A pintura exterior é uma cor personalizada – Bonneville Pearlescent Silver – que proporciona um contraste fluido nas superfícies curvilíneas. A carroçaria é realçada pelos splitters dianteiros em fibra de carbono, saias laterais e difusor traseiro pintados em Black Crystal. A frente do bólide apresenta uma grelha de arte excecional – com a matriz principal finalizada em Gloss Dark Titanium, acentuada com chevrons de contraste num padrão ombre horizontal que flui do Hyperactive Orange no centro e gradualmente escurece nas laterais até ao tom de Black Crystal. A linha de “capô sem fim” é finalizada com a pintura em Satin Titanium, tal como as jantes de 22 polegadas – com os raios em Satin Dark Titanium para combinar com a grelha.

O espaço interior do Batur foi projetado para uma personalização final e grandes viagens de longa distância. Claramente inspirado no Bacalar, o Batur baseia-se nos elementos centrais do design do Bacalar e adiciona novos mayteriais de luxo sustentáveis.

Cada elemento do cockpit é adaptado às especificações do cliente, que pode escolher entre uma variedade de materiais de interiores sustentáveis, incluindo:

  1. Couro de baixo carbono proveniente da Escócia, que percorre uma distância significativamente menor do que o couro proveniente do exterior do Reino Unido;
  2. Couro de curtimento sustentável proveniente de Itália, em cinco cores diferentes;
  3. Tecido Dinâmica, um material sustentável alternativo ao couro, semelhante à camurça.

A gama de folheados para as fáscias inclui um novo material para a Bentley: o Compósito de Fibra Natural, que é uma alternativa sustentável à fibra de carbono. Disponível em sarja 2×2 e acabamento em laca acetinada, o composíto traz uma nova textura sustentável para a cabine. Independentemente do verniz escolhido, o painel frontal do passageiro é finalizado com uma gravação exclusiva da assinatura de áudio do motor W12 – e a gravação sob medida também está disponível.

Os últimos elementos sustentáveis são os tapetes, que combinam com o couro e são feitos de fios provenientes de reciclagem, o que é uma novidade para a Bentley.

Os 18 proprietários escolherão entre tratamentos claros ou escuros para o brilho interior, estando também disponíveis opções em titânio. Existem ainda deterninados controlos – como por exemplo os interruptores de ventilação – que estão disponíveis em ouro de 18 quilates, impressos em 3D.

O interior do exemplar revelado foi decorado à mão numa combinação impressionante de preto, vermelho e laranja – respetivamente, com as designações Beluga, Hotspur, e Hyperactive. A pele principal da variante Beluga é contrastada com a nova e ainda mais sustentável pele Mulliner Hyperactive Orange com baixo teor de CO2. Uma textura complementar é fornecida através do uso do já referido tecido Dinâmica, tanto no formato Beluga quanto no formato Hotspur. Os exclusivos “Batur Chevrons” patentes nas asas externas dos assentos são finamente bordados à mão em fio Snap Orange, ao passo que o restante conteúdo de estofamento carrega um fio branco em contraste por toda a parte. Os elementos macios têm um remate final através de uma nova tubulação artesanal emplumada em Beluga, com tubulação Hyperactive Orange nos centros dos assentos e um acabamento Hyperactive Orange nos raios inferiores do volante.

Os folheados do painel de instrumentos, fáscias e portas são pintados em Gloss Black, com um guitar fade ao chamado Fine Brodgar que flui das fáscias para as portas, antes de desaparecer de volta ao preto. Já a fachada é complementada com uma peça de arte única – uma onda sonora gravada a laser, que representa o som único gerado pelo motor W12. Os elementos metálicos do interior são uma mistura de alumínio anodizado em preto e titânio, complementados com o “delicioso” comando da consola central Bentley Dynamic Drive Selector – forjado em ouro de 18 quilates -, e ainda uma faixa dourada central do volante na marca das 12 horas.

O glorioso motor “W12 6.0 Litre Twin Turbo” foi, sem qualquer sombra de dúvida, o grande responsável pelo impulsionamento e reposicionamento da Bentley como marca de luxo aliada à desportividade, tal como W.O. Bentley no fundo sempre desejou. Ao longo de 20 anos, o W12 foi-se aperfeiçoando e se tornando mais potente e eficiente sob o ponto de vista energético. Teve ainda e desde sempre o condão de ser montado à mão em terras de Sua Majestade, ainda que as diversas peças tenham sido forjadas em terras da antiga Prússia, uma vez que a arquitetura W12 é de origem alemã.

Para o exclusivo Batur, o motor adotou um novo sistema de admissão, turbocompressores atualizados e novos intercoolers, sendo profundamente recalibrado de modo a atingir o pico de 740 cv e 1000 Nm de binário. Não foram fornecidos dados sobre acelerações e velocidade de ponta, mas tendo em conta que o atual Continental GT Speed acelera de 0 a 100 km/h em apenas 3.6 s e atinge 335 km/h de velocidade máxima, imaginem o que o Batur é capaz de fazer… façam apostas!

Desde o primeiro W12 que equipou um bólide saído de Crewe até ao W12 que equipa o Batur, a Bentley foi capaz de incrementar mais 40% de potência ao mesmo tempo que conseguiu economizar o seu consumo de combustível em 25%, o que diz muito sobre o salto qualitativo e quantitativo registado em 20 anos. No Batur, como é apanágio da marca, o motor não podia deixar de estar ligado a uma transmissão de dupla embraiagem e acoplar um sistema de escape desportivo que entoasse uma banda sonora de acordo com o nível de desempenho. Todo o sistema de escape é em titânio, ao passo que as ponteiras de escape – também estas em titânio – são impressas em 3D.

Potência não significa grande coisa sem dinâmica. Nesse sentido, o Batur, para além de ser o Bentley mais potente da história de mais de 100 anos da firma britânica, será também o mais dinâmico de todos. Para que tal não passe de meras palavras, as molas pneumáticas adaptáveis têm, cada uma, três câmaras comutáveis, alterando o volume da mola pneumática e, portanto, a sua rigidez efetiva. O condutor pode selecionar o tipo de equilíbrio entre o conforto de condução e o controlo da carroçaria pelo uso do dourado botão giratório Drive Dynamics Control que comanda quatro modos de condução: Sport, Bentley, Comfort e Custom.

O Drive Dynamics Control também altera o comportamento do sistema de controlo elétrico ativo de antiderrapagem de 48V, que pode fornecer até 1300 Nm de binário em apenas três décimas de segundo ou então desacoplar completamente as rodas em cada extremidade de cada eixo. O sistema de controlo antiderrapagem também pode ser utilizado para ajustar a rigidez de rolagem da frente para trás, fornecendo ao Batur uma curvagem mais acentuada e maior capacidade de equilibrar o carro no acelerador no modo Sport.

A tração geral e a aderência nas curvas são otimizadas através do uso de um diferencial eletrónico de deslizamento limitado (o já mencionado eLSD – electronic Limited Slip Differential) que vetoriza ativamente o binário em todo o chassis, o qual é complementado pela vetorização de binário nas travagens, processo no qual o carro pode travar suavemente a roda traseira interna na curvagem, para um melhor feedback do eixo dianteiro, e também travar levemente ambas as rodas internas para mover a potência para as rodas externas, de modo a conferir melhores níveis de tração aquando da saída das curvas.

A travagem é feita através do sistema de discos CSiC (composto de carbono, silício e carboneto) de 440 mm de diâmetro na dianteira e de 410 mm de diâmetro na traseira, combinados com pinças de 10 pistões na dianteira e de quatro pistões na traseira. As já supramencionadas jantes de 22 polegadas são calçadas por pneus Pirelli PZero.

CONCLUSÃO

O Bentley Mulliner Batur representa o pináculo e o finale da era da combustão interna para a firma fundada por W.O. Bentley. Tem também o condão de reforçar o papel da Mulliner como construtor de carroçarias especiais exclusivo da Bentley. Comprometendo-se em tornar a sua gama de produtos 100% elétrica em 2030, a Bentley irá reforçar ainda mais o seu papel no mundo como construtor premium de carros luxo-desportivos apaixonantes para todos aqueles que apreciam exclusividade e distinção dos demais. O grupo Volkswagen claramente ganhou a aposta e deve sentir-se orgulhosa de ter uma marca tão valiosa sob o ponto de vista tecnológico e de design, até pela questão de ombrear o grupo BMW que, por sua vez, detem a prestigiadíssima Rolls-Royce Motor Cars que, curiosamente, vai apresentar o seu primeiro modelo 100% elétrico, chamado Spectre (onde é que já ouvimos este termo?) já em 2023. Mas, independentemente de, entre 1931 e 1980, a Bentley e a Rolls-Royce (do tempo em que a Rolls-Royce englobou a engenharia aeronáutica desde os seus primórdios) terem sido “casadas”, a Bentley teve a sua identidade sempre muito bem vincada, e isso foi um dos segredos para ter sobrevivido e reforçado o seu business core até aos dias de hoje. O Batur é, também por isso, uma celebração solene de todo o seu sucesso desde 1919…

Tenho imensa pena de, até esta data, ainda não ter tido a oportunidade de conduzir sequer um modelo Bentley e, assim, pertencer a um restrito grupo de portugueses a ter conseguido tal façanha de encarnar o papel dos Bentley Boys. A esse respeito, o nosso estimado Álvaro Parente (conhecido entre nós como Varinho) foi um muito digno representante da Bentley nos States através da K-PAX Racing. Mex Machado foi também um digno representante através do seu projeto Live the Moment – By Mex. São apenas dois exemplos de portugueses…

Para além do seu inquestionável sucesso no desporto automóvel, a Bentley Motors participou oficialmente na subida à montanha de Pikes Peak, tendo conseguido dois recordes em dois anos consecutivos para puros carros de estrada: em 2018 com o seu SUV Bentayga e em 2019 através da mais recente geração do Continental GT. Isto serviu apenas para demonstrar o poderio tecnológico da marca. O resto, é só ver pelas imagens altamente inspiradoras, em especial a última caixa de vídeo. Mais palavras para quê?…