O rejuvenescido Jaguar F-Type é o mais recente herdeiro “felino” da desportividade britânica

O artigo que vos escrevo é, em primeiro lugar, uma dedicatória à minha esposa, que adora a marca Jaguar. Ambos já conduzimos o primeiro e estonteante SUV 100% elétrico da marca, o Jaguar I-PACE. Mas, desta feita, falarei daquele que é claramente o modelo mais desportivo da marca e que evoca em termos de formas (mais futuristas, é certo) o clássico desportivo Jaguar E-Type: o Jaguar F-Type. O seu design, logo à primeira vista, faz qualquer pessoa desviar o olhar, de tão modernas, atraentes, atléticas, fluídas e intemporais que são as suas formas, razão pela qual venceu o prémio World Car Design of The Year e muitos outros prémios (181 distinções no total). Não me vou debruçar muito sobre o design original que foi lançado em 2013 em duas versões da “felina” carroçaria de dois lugares: o Convertible (a primeira configuração a ser lançada) e o Coupé (o Coupé é a minha configuração favorita, pois eu cá não gosto de descapotáveis, à exceção dos puros spiders ou speedsters).

O original Jaguar F-Type (2013), aqui na versão F-Type R equipada com o motor V8 Supercharged de 550 cv.

O desenho da carroçaria original F-Fype – cujo concept Jaguar C-X16 antevia uma motorização híbrida composta por um motor V6 de 375 cv e um motor elétrico de 92 cv – é da autoria do reputado diretor do Departamento de Design, Ian Callum. Antes do restyling apresentado em 2019, o Jaguar F-Type possuia três tipos de motor a gasolina, sempre em posição frontal e cuja potência era obrigatoriamente transmitida às rodas traseiras: o 2.0 L Turbo Ingenium de quatro cilindros, o 3.0 L V6 Supercharged e o 5.0 L V8 Supercharged. Em termos de versões de potência, a gama começava no básico P300, equipado com o motor 2.0 L Turbo de quatro cilindros que produzia 300 cv; continuava no P340, equipado já com o motor 3.0 L V6 Supercharged com potência máxima fixada em 340 cv; uma versão mais potente do motor 3.0 L V6 Supercharged, o F-Type S, que elevou a potência deste bloco para os 380 cv; o nível seguinte de potência, de 450 cv, presente no F-Type P450, era assegurado pelo motor 5.0 L V8 Supercharged; o seguinte nível de potência era assegurado pelo mesmo motor V8, desta feita para os 495 cv do F-Type V8 S; mais uma escalada de potência, desta feita para os 550 cv da versão F-Type R, ainda com o mesmo motor V8; finalmente, o poderoso motor “felino” 5.0 L V8 Supercharged esticou ainda mais a sua potência para os 575 cv, o qual equipou as insanas versões F-Type SVR e Project 7. O Project 7 foi uma versão especial, em formato speedster, que evocou o carro de competição que venceu as 24 Horas de Le Mans em 1955, 1956 e 1957. Houve ainda uma versão especial de edição limitada, equipada com o motor V6, o P400 Sport, cuja potência foi esticada para os 400 cv.

O F-Type estava normalmente equipado com a caixa automática ZF Quickshift de oito velocidades, mas também podia estar equipada com a caixa manual ZF de seis velocidades nas versões menos potentes. Normalmente, o F-Type possuia (o atual modelo também mantém) um subtil spoiler traseiro que era parte integral do design da linha superior da secção traseira do veículo e que era acionado e inclinado como apêndice aerodinâmico em altas velocidades ou obrigatoriamente no modo de condução mais agressivo (Dynamic); contudo, nas versões especiais SVR e Project 7, por vez deste mecanismo foi montada uma asa traseira fixa mas de altura baixa, conferindo mais downforce mas nunca destoando em relação à beleza natural de design. Tais versões deixaram de ser fabricadas, o que deixa um certo sentimento de nostalgia…

O Hugo Marcos, mentor e test driver do famoso projeto português de canal de YouTube sobre carros, chamado CarOnlineTV, teve a felicidade de testar a versão F-Type S, equipada com o motor 3.0 L Supercharged de 380 cv. Vale a pena ver este vídeo e perceber bem a opinião dele sobre esta versão face às versões V8, antes de prosseguirmos nas próximas linhas.

O Jaguar F-Type, forte concorrente do Porsche 911 e do Aston Martin Vantage, já era um adversário digno de respeito e mostrara atributos importantes tais como um comportamento dinâmico em estrada e capacidade para proporcionar emoções inesquecíveis ao volante. Convém não esquecer que este é o primeiro modelo construído de raíz pela Jaguar como marca inserida no poderoso grupo indiano Tata Motors (depois de ter pertencido ao Grupo Ford entre 1989 e 2008) e ainda inserida no subgrupo Jaguar Land Rover Limited (que junta a marca de SUV’s de todo o terreno Land Rover ao consórcio). Contudo, era precisa uma renovação de imagem para manter a concorrência debaixo de olho. O restyling foi apresentado à imprensa a 2 de dezembro de 2019.

O REJUVENESCIDO JAGUAR F-TYPE, AO DETALHE

Começando pelo design, o F-Type apresenta um novo capô dianteiro em forma de concha, com superfícies fluidas que representam a escultura de “metal líquido”, dando a impressão de que o carro é mais comprido. Na minha humilde opinião, esta nova interpretação de design faz melhor reviver o mito que foi o Jaguar E-Type, não obstante o facto de buscar traços ao espetacular SUV 100% elétrico I-Pace. O F-Type parece agora mais focado e assertivo, reforçando a sua veia desportiva e a sua beleza. Os faróis dianteiros, em LED de pixel superfino, têm agora um novo desenho, com uma assinatura de luzes diurnas designada de “Calligraphy J” que, juntamente com as luzes indicadoras de mudança de direção que são ativadas em forma de varredura, combinam perfeitamente com a superfície de “metal líquido” do novo capô. O novo bólide apresenta também um novo para-choques dianteiro e uma nova grelha frontal, subtilmente ampliada, que segundo a marca dão níveis maiores de impacto e presença.

Em termos de dimensões, estas mantêm-se inalteradas face ao modelo original: comprimento de 4470 mm, largura de 2042 mm, altura ao solo (relativamente baixa) cifrada em 1311 mm e distância entre eixos fixada em 2622 mm. O que faz do F-Type um típico “felino” da marca, cujo comprimento considerável do capô e a curta secção traseira fazem claramente lembrar a sua “musa inspiradora”, que é o clássico Jaguar E-Type (construído entre 1961 e 1975), por sinal um dos 100 modelos mais belos de sempre da História do Automóvel. A propósito deste modelo clássico: aquando do icónico E-Type, o histórico fundador da Ferrari, Enzo Ferrari, afirmou mesmo que era “o modelo mais belo alguma vez construído”; inequivocamente, foi colocado por uma conceituada revista no top dos carros dos anos 60. Não há dúvidas: o F-Type, neste rejuvenescimento, tem a responsabilidade de manter e/ou recuperar a brilhante aura da Jaguar como fabricante de belos e versáteis carros desportivos de luxo, representando o pináculo da desportividade da marca no seio de uma já vasta gama de modelos. Aliás, o F-Type serviu sempre de inspiração aos modelos SUV da marca que foram concebidos depois dele. Prosseguindo…

As ancas traseiras realçam a forma funcional e inerentemente dramática do F-Type e estendem-se para baixo até às delgadas luzes traseiras em LED, cuja ligeira, mas importante modificação do desenho contém a nova assinatura “Chicane” que foi introduzida pelo novo SUV 100% elétrico da marca, o Jaguar I-Pace.

O interior do F-Type tornou-se ainda mais refinado, tecnológico e elegante, sem ter retirado qualquer discretismo. Aquela famosa “pega” que se situa na consola central do lado do “pendura” – uma espécie de apêndice de segurança suplementar para este tipo de passageiro – foi um dos elementos fundamentais que foi mantido no cockpit. Nele estão presentes várias aplicações em alumínio exemplarmente polido, afirmando a sua esbelta solidez. O cockpit com a configuração de “1+1 lugares”, que é focado para o condutor, está revestido de novos materiais luxuosos costurados exemplarmente, tais como o couro Sienna Tan Windsor ou os tecidos Suedecloth e Alcantara e ainda o acabamento acetinado “Noble Chrome”. O artesanato da Jaguar também está incorporado no interior do carro, com belos detalhes tais como monogramas costurados nos assentos e os frisos das portas. Tais pormenores combinam perfeitamente com o novo painel de instrumentos TFT reconfigurável de alta definição de 12,3 polegadas (que substitui o painel de instrumentos analógico) e com o novo sistema de infoentretenimento Touch Pro, cujo ecrã e configuração de menus são novos. O novo painel de instrumentos possui gráficos exclusivos para o F-Type com vários modos de exibição, incluindo o mapa de percurso, sendo que o modo de exibição principal é caracterizado pelo apaixonante conta-rotações central. Este pormenor, bem como a luz da alavanca da caixa de velocidades, transmitem subtilmente o carácter e o potencial de desempenho do modelo, aprimorando digitalmente o teatralismo mecânico da pulsação vermelha do “batimento cardíaco” do botão de ignição e das saídas de ar centrais desdobráveis. O ecrã tátil de 10 polegadas do intuitivo e responsivo sistema de infoentretenimento Touch Pro, combinado com os três botões rotativos táteis, oferece o equilíbrio perfeito entre os controlos analógicos e os controlos digitais do condutor.

Os assentos finos e leves conferem uma otimização da ergonomia que se alia a um nível de conforto excecional que é reforçado pelas opções de aquecimento e de refrigeração dos mesmos. Existem duas gamas de assentos: Sport e Performance. As variantes F-Type e F-Type R-Dymamic estão equipadas de série com o nível de equipamento Sport. Já o assento com o design Performance tem um suporte mais pronunciado na altura dos ombros e é de série nas variantes R e First Edition (esta última é a edição de relançamento do modelo F-Type).

O nível de luxo presente no F-Type é reforçado com materiais ricos tais como o couro Windsor, sendo ainda complementado por detalhes tais como o magnífico padrão de ponto de monograma – repetido na guarnição das portas laterais – e motivos “Jaguar Leaper” e “R” nos encostos da cabeça. As guias dos cintos de segurança têm um distinto acabamento com a menção “Jaguar Est. 1935”, que é orgulhosamente repetida na borda do botão de abertura do porta-luvas. Tal referência, colocada de modo muito subtil, faz alusão ao ano em que o nome Jaguar foi usado pela primeira vez por Sir William Lyons, fundador da antiga S.S. Cars Limited, para marcar um dos seus belos carros. Apenas como curiosidade, refira-se: o nome da marca “Jaguar” apenas começou a ser utilizado em 1945, quando a firma construtora mudou de nome para Jaguar Cars.

As novas luzes diurnas com a assinatura “J” apresentam agora um gráfico de caligrafia, sendo estreitas ao longo do elemento horizontal da guia de luz e, em seguida, alargando-se à medida que sobe, como se fosse uma pincelada de um pincel artístico. Existe um padrão de monograma primorosamente detalhado que corre ao longo do “J”, inspirado na herança da Jaguar. O gráfico leve acentua a largura visual do carro e realça mais o seu potencial de desempenho. Dentro da ótica de luzes encontram-se ainda quatro módulos de LED, cada qual parecendo uma pedra preciosa perfeitamente trabalhada. A tecnologia Pixel conecta de forma inteligente a câmara panorâmica estéreo montada no para-brisas ao controlador de luzes. Isso permite que cada LED seja desligado ou diminuído para produzir um “faról alto” que “mascara” os veículos que se aproximam para evitar o ofuscamento de outros condutores, ao mesmo tempo que permite uma excelente iluminação da estrada.

A nova grelha, subtilmente aumentada face ao design anterior, acentua a presença visual do F-Type. As proporções da forma clássica da grelha permanecem, mas agora é mais amplo e profundo e com um novo padrão de malha hexagonal – cada célula brilha em preto na frente e em preto acetinado nas superfícies internas. O acabamento da borda da grelha é, de série, em Noble Chrome, ou então em Gloss Black nas linhas de equipamento Black Pack ou Black Design Black. Os para-choques são novos e apresentam superfícies mais ousadas com gráficos de assinatura discreta para aprimorar o design geral e fomentar uma maior diferenciação em toda a gama F-Type, desde o mais básico F-Type, passando pelo F-Type R-Dynamic e terminando no mais potente F-Type R.

Ainda relativamente aos para-choques: para a versão mais básica, a aparência é limpa e simplemente escultural, ao passo que a versão R-Dynamic acrescenta “lâminas” aerodinâmicas em forma de “J” que, além de mostrarem a influência do desporto automóvel, ajudam também a direcionar o fluxo de ar de modo mais limpo em torno da frente do carro; já a versão R apresenta engastes em preto brilhante ao redor das aberturas de ar, tornando o carro mais assertivo, enquanto que os strakes aerodinamicamente otimizados servem para reduzir ainda mais o arrasto aerodinâmico. Em todos os modelos, as aberturas apresentam um padrão de “malha”, correspondente às células da grelha frontal.

Uma marca distinta do rejuvenescido Jaguar F-Type é o novo desenho do capô, em forma de concha, que se destaca dos finos faróis em LED. As superfícies são mais suaves e orgânicas do que antes, como se fossem metal líquido, sendo sem sombra de dúvida inspiradas nas belas e fluidas formas de modelos icónicos da Jaguar tais como o C-Type e o D-Type. As saídas de ar estão agora posicionadas mais à frente para uma maior eficiência e combinam perfeitamente com o alumínio esculpido que as circunda. Mais para trás, as aberturas do para-choques exibem agora o “Jaguar Leaper”.

Os farolins traseiros em LED também foram atualizados de forma subtil. Sendo eles mais finos, a fim de combinar com os faróis dianteiros, apresentam um gráfico de luz a que a Jaguar chama de “Chicane”, mais ousado e que fora já introduzido no SUV 100% elétrico I-PACE. Na zona inferior encontra-se um fino detalhe em forma de “risca de giz” e, tal como nos faróis, um complexo padrão formado pelo monograma que reflete a herança desportiva da Jaguar. Em vez da forma escalonada do formato predecessor, as lentes externas são agora mais suaves, integrando-se ainda mais harmoniosamente na inclinação da cobertura traseira. A inversão da conicidade que é formada pela cavidade da placa de matrícula traseira, juntamente com o requalificado para-choques traseiro, atrai o olhar para baixo para aumentar a largura visual e dar ao bólide uma postura plantada ainda mais vincada. Pela primeira vez num Jaguar, os emblemas traseiros ganham um acabamento em “preto brilhante comtemporâneo” nos packs de equipamento Black Pack e Black Design Pack.

A cada formato de motor corresponde um específico formato da tubagem de escape em alumínio, à semelhança do aconteceu na primeira fase do modelo. A versão P300, com motor de quatro cilindros (P300), apresenta um único tubo de escape central em formato quadrilateral, ao passo que na versão V6 de 380 cv (P380) existem dois grandes tubos de escape redondos no mesmo lugar central do para-choques traseiro. Já as versões do motor V8 de 450 cv e 575 cv contém quatro tubos de escape de diâmetro menor, dois em cada lado da extremidade do para-choques, sendo que no nível de maior potência cada tubo contem a marca “R” gravada em zona superior, suficientemente visível para quem valoriza exclusividade associada à potência.

Seja qual for a versão escolhida, em formato Coupé ou Convertible, existe um total de 16 cores fornecidas pela SVO Premium (traduzido para português): Preto da Ligúria, Prata Etérea, Prata Jônica, Ouro Sunset, Azul Petrolix, Azul Velocity, Marrom Turmalina, Desejo, Laranja Sanguinello , Laranja Atacama, Amarelo Sorrento, Constelação, Branco Gelado, Cinza Fluxo, Verde Malaquita e Ametista. Cada cor está disponível com a opção de brilho ou cetim, resultando sempre num acabamento excecionalmente liso e numa profundidade de cor dramática.

Passemos agora o foco para a gama de motores, o chassis, a performance e a dinâmica do F-Type. Para a rejuvenescida gama F-Type, neste momento o motor V6 deixou (infelizmente) de ser produzido e comercializável nos concessionários da marca, embora até há pouco tempo estivesse disponível em vários países fora do Reino Unido e da União Europeia, daí fazer sentido ter mencionado esta motorização como sendo parte integrante desta fase do modelo. Ou seja, o F-Type apenas está disponível com o motor de quatro cilindros 2.0 L Turbo de 300 cv que equipa a versão P300 e o motor 5.0 L V8 Supercharged que apresenta dois níveis de potência, o nível P450 (com 450 cv) e o nível R (ou F-Type R), que acolhe agora o nível de potência da antiga versão SVR da fase anterior do modelo, ou seja, 575 cv. O F-Type passou a estar disponível apenas com a caixa automática ZF Quickshift de oito velocidades que, tal como anteriormente, pode ser controlada manualmente através da alavanca de velocidades SportShift ou através das patilhas montadas no volantes, ambos revestidos em alumínio.

Cada motor está montado com um sistema de escape ativo, que consoante a versão de equipamento pode ser fornecido com opcional ou de série. Os proprietários que escolherem as versões com o motor V8 beneficiam da nova função denominada de Quiet Start, que garante um som mais subtil e refinado, isto porque as válvulas bypass são acionadas eletricamente, permanecendo fechadas até que abram automaticamente ao pisar do acelerador, libertando o característico rugido ronronante do motor que é uma assinatura da Jaguar e que proporciona uma inesquecível experiência de condução do F-Type; existe ainda a opção de inativar o modo de ignição Quiet Start, selecionando o modo de condução Dynamic ou pressionando o botão de escape comutável antes de ligar o motor. O característico barulho de escape, do tipo pop and bang, mantem-se, com sons meticulosamente ajustados de modo a se ajustar a cada versão de motor. Pela primeira vez o F-Type está equipado com um filtro de partículas de alta eficiência, respeitando deste modo as atuais normais de emissões de CO2; contudo, tal não compromete as naturais performances do modelo desportivo. O filtro está perfeitamente integrado no sistema de pós-tratamento dos gases de escape e prende as partículas ultrafinas à medida que os gases passam por aí. Em condições normais de condução, as partículas presas serão oxidadas em CO2 e o filtro é regenerado sempre que o condutor tira o pé do acelerador.

A versão de performance F-Type R é, na atual gama F-Type, a versão de topo. O motor 5.0 L V8 Supercharged produz 575 cv de potência às 6500 rpm e um binário de 700 Nm entre as 3500 rpm e as 5000 rpm. Relativamente ao F-Type R da fase anterior, representa um aumento de 25 cv e 20 Nm. A aceleração de 0 a 100 km/h é feita nuns estonteantes 3,7 segundos, contudo a velocidade máxima está (incompreensivelmente!) limitada eletronicamente nos 300 km/h – imaginem qual seria a velocidade máxima real caso não existisse este handicap!

Levando em consideração toda a aprendizagem acumulada com o desenvolvimento da versão mais radical e potente da berlina XE, o Jaguar XE SV Project 8 (cuja potência ascende a 600 cv e a velocidade máxima é superior a 320 km/h), a transmissão Quickshift no novo F-Type R e na versão P450 foi meticulosamente recalibrada para uma experiência de condução mais envolvente. No caso do F-Type R, a caixa automática ZF de oito velocidades proporciona mesmo passagens de caixa ainda mais rápidas e nítidas – cerca de apenas dois décimos de segundo entre cada marcha – quando é o condutor a operar manualmente o mecanismo, resultando em sensações de maior conectividade e resposta mais imediata.

O F-Type R vem exclusivamente equipado com tração integral às quatro rodas (AWD) que, juntamente com o sistema Intelligent Driveline Dynamics (IDD) da Jaguar, garantem máxima eficácia de desempenho em todas as relações de caixa e em todas as condições. Juntando a isto, o melhor compromisso entre este sistema e o diferencial ativo eletrónico traseiro garante uma distribuição do valor de binário ideal entre os eixos dianteiro e traseiro e ao longo do eixo traseiro. Combinado com um novo acerto no sistema Dynamic Stability Control, isso melhora a tração e a dinâmica, independentemente do tipo de piso e do clima, ao passo que mantém a sensação de tração traseira e o equílbrio de condução do F-Type R.

Todas as versões de potência do F-Type possuem um sistema de suspensão com duplo braço triangular nos dois eixos e ainda um sistema de direção assistida recalibrado que oferece uma maior sensação de conexão com a estrada, sendo fundamental para uma resposta imediata e intuitiva do carro a cada injeção de adrenalina ao condutor. Combinado com novas molas e barras estabilizadoras, o chassis é agora mais aprimorado pelos amortecedores de variação contínua que são parte integrante do sistema Adaptive Dynamics da Jaguar. As válvulas dentro de cada amortecedor, bem como os algorítimos de controlo, foram recalibrados para melhorar o conforto a baixas velocidades e a rigidez a altas velocidades. Por outro lado, o inimitável ajuste do sistema de vetorização de binário através da travagem permite um controlo ainda mais preciso da travagem aplicada às rodas interiores a fim de reduzir ainda mais a subviragem, mesmo em altas velocidades em curva.

As juntas traseiras são agora fundidas em alumínio, que, juntamente com novos rolamentos de roda maiores e juntas de esfera superiores revistas, aumentam a curvatura e a rigidez das juntas traseiras em 37% e 41% respetivamente. Isso resulta num controlo mais preciso da área de contacto do pneu com o piso, o que se traduz numa sensação de condução mais conectada com a estrada.

A versão F-Type R é equipada de série com grandes discos de travão ventilados com diâmetro de 380 mm na dianteira e de 376 mm na traseira, podendo opcionalmente ser equipado com travões carbocerâmicos desenvolvidos pela Jaguar, de maior tamanho (398 mm na dianteira e 380 mm na traseira). Este último sistema é equipado com pinças monobloco de seis pistões (eixo dianteiro) e de quatro pistões (eixo traseiro) com um acabamento distinto de cor amarela, com desempenho de travagem superior e excelente resistência ao desbotamento; o sistema de pré-enchimento dos travões garante sempre um nível máximo de consistência no pedal de travão, travagem após travagem. Quanto aos pneus do F-Type R, fabricados e desenvolvidos pela Pirelli (modelo P Zero), este apresentam medidas específicas: 265/35/ZR20 à frente e 305/30/ZR20 atrás. São ainda 10 mm mais largos do que na fase anterior do modelo e proporcionam níveis excecionais de aderência, sendo combinados com as novas jantes exclusivas, de 10 raios e 20 polegadas pintadas em Gloss Black com acabamento de contraste em Diamond-Turned.

Quanto à versão P450 (versão de equipamento R-Dynamic), também equipada com o mesmo bloco da versão F-Type R e mantendo a mesma taxa de compressão proporcionada pelo compressor mecânico (por vez do turbocompressor), que é de 9.5:1, a potência cifra-se nuns mais modestos 450 cv às 6000 rpm e o binário fixa-se em 580 Nm disponíveis logo às 2500 rpm. A aceleração de 0 a 100 km/h é pouco mais lenta que na versão de topo, fixando-se nuns sólidos 4,6 segundos. A velocidade máxima – desta feita não limitada eletronicamente – é de uns já soberbos 285 km/h. Este nível de performance tem a vantagem de ser mais bem aproveitado no limite de aderência, sendo mais fácil de domar para o condutor e ao mesmo tempo mantendo todo o carácter original do modelo em si. A maior vantagem face ao F-Type R é de que o F-Type P450 está equipado de série com o sistema de tração às rodas traseiras (RWD) – o que serve os interesses dos adeptos de uma condução mais purista, mais crua – podendo contudo como opção estar equipado com o sistema AWD. Mantém-se, contudo, sempre para uma melhor otimização da tração, o diferencial ativo eletrónico.

Já a versão mais básica do F-Type, o Jaguar F-Type P300, é a versão de entrada na gama e também a mais acessível em termos de preço, estando equipado com o motor 2.0 L Turbo Ingenium de quatro cilindros (claro está, com turbocompressor) que, mantendo a mesma taxa de compressão (o que faz todo o sentido), debita 300 cv às 5500 rpm, com o binário a ficar-se nuns surpreendentes 400 Nm logo às 1500 rpm, o que é particularmente útil em subidas de montanha. A aceleração de 0 a 100 km/h é feita nuns promissores 5,7 segundos e a velocidade máxima toca a “sineta” dos 250 km/h (ou, se calhar, um valor pouco superior…). O facto de ser o motor mais pequeno faz com que o peso na zona do capô seja substancialmente menor e o motor esteja numa posição mais favorável, ou seja, mais recuado, o que ajuda a compensar a falta de performance face às duas versões com o motor V8, tornando o P300 o mais ágil e versátil nas curvas e (em certo ponto e para quem acha que não precisa de tanta potência) o mais divertido para se conduzir, ainda por cima quando se dá ao luxo de abdicar do sistema AWD, pois esta versão apenas está equipada apenas como sistema de tração às rodas de trás.

O considerável valor de binário, de 400 Nm atingidos logo numa baixa rotação, é conseguido graças a tecnologias que incluem o controlo de elevação da válvula de admissão (totalmente variável), o coletor de escape totalmente integrado e o turbocompressor twin-scroll com rolamentos de esferas em cerâmica, o que também faz com que o máximo valor de binário esteja disponível até às 4500 rpm. Portanto… quem pensa que o Jaguar F-Type P300 é uma versão menor, desengane-se: a velocidade não é tudo! Bom, talvez o barulho do motor quatro cilindros em linha não seja tão memorável e poderoso como o do V8 ou mesmo do extinto V6, mas está longe de ser desagradável…

Em termos de consumo combinado de combustível em ciclo WLTP, esta versão é a mais poupada (entre 9,5 e 9,6 litros a cada 100 km), pese embora não seja a mais eficiente, pois as versões V8 são pouco mais gulosas (valor máximo pouco superior a 11 litros aos 100 km). Efetivamente, o Jaguar F-Type P300 é a versão mais leve, com apenas 1628 kg (norma EU, sem carga) no formato de carroçaria Coupé e 1646 kg no formato de carroçaria Convertible.

EPÍLOGO

O Jaguar F-Type está disponível no mercado português em todas as versões citadas, com preços que variam entre 80 mil e 217 mil euros, considerando ainda todos os opcionais e acessórios, muitos dos quais não mencionei neste artigo. Toda a informação sobre o modelo pode ser encontrada na versão portuguesa do sitio de internet da marca, onde se pode configurar virtualmente o modelo nos vários parâmetros.

Um dos concessionários oficiais da marca onde se comercializa este modelo é a JOP Jaguar, que fica situado na Zona Industrial do Porto. No Dia Mundial da Criança, e também dia de aniversário do meu casamento com a minha esposa por Registo Civil, fui visitar o concessionário, apenas para dar um especial carinho a um dos exemplares expostos, por sinal na versão de carroçaria Coupé.

Se algum dia irei conduzir este modelo? Só o tempo dirá. Mas, para quem já o conduziu nas três versões de motorização, sem dúvida que foi um privilégio conduzir o mais recente herdeiro “felino” da desportividade britânica, que não fica nada atrás em termos de carácter de “puro sangue” do seu rival direto Aston Martin Vantage ou do “eterno” Porsche 911. Mais ainda porque o F-Type será o último desportivo de gema com motor de combustão – antes deste, só o superdesportivo Jaguar XJ220 conseguiu o mesmo nível de estatuto – uma vez que a marca do “Jaguar Leather” irá enveredar pelo fabrico de modelos 100% elétricos a partir de 2015, como mais um sinal do seu compromisso com a eletrificação rumo à neutralidade carbónica, depois da conceção do Jaguar I-Pace e do seu sucesso ativo na competição de monolugares elétricos Fórmula E. Para as mentes visionárias, isso não representa um problema, antes pelo contrário, até porque toda a indústria automóvel seguirá este caminho, mais tarde ou mais cedo, não por capricho mas sobretudo por necessidade. Desde que todos os valores fundamentais da Jaguar permaneçam no ADN da marca gerada em 1935.

Para terminar, nunca é demais visualizar os seguintes três vídeos sobre as três motorizações do Jaguar F-Type atualmente disponíveis no mercado. Qual das três versões a vossa preferida?…

Jaguar F-Type P300 (300 cv)

Jaguar F- Type P450 (450 cv)

Jaguar F-Type R (575 cv)