Chiron. Apelido de um piloto de automobilismo monegasco, chamado Louis Alexandre Chiron (1899-1979), que fez carreira em provas de Grande Prémio e de Resistência. Louis Chiron ficou famoso por ser o único piloto nascido no Mónaco a ter vencido o Grande Prémio daquele principado (em 1931) e por ser até hoje o mais velho piloto a concluir um Grande Prémio de Fórmula 1, aos 55 anos, quando terminou o Grande Prémio do Mónaco de 1955 em sexto lugar. No total obteve (pelo menos) 21 vitórias, entre os anos 1928 e 1947. Teve ainda nove participações nas famosas 24 Horas de Le Mans.
Uma boa parte das vitórias obtidas por Louis Chiron foram ao volante de carros da marca francesa Bugatti, fundada por Ettore Bugatti em 1909 através da extinta Automobiles Ettore Bugatti, que durou até 1963 com a sua aquisição pela Hispano-Suiza após sua falência. Bugatti era, naquele tempo, sinónimo de carros extremamente exóticos, belos, velozes e sólidos sob o ponto de vista técnico, mas também de muitas vitórias de automobilismo, tanto em provas caseiras de países onde a marca era vendida (Portugal incluído) como a nível internacional. De facto, antes do surgimento da Ferrari como construtor de automóveis, a grande referência em performances de topo era a Bugatti. Ettore Bugatti, não sendo engenheiro, era um autodidata da mecânica e um verdadeiro amante das artes e das formas, não só construiu carros, mas também belos comboios. Teve mais tarde a ajuda do seu filho Jean Bugatti, um brilhante designer e engenheiro de testes que infelizmente morreu tragicamente em 1939, cedo demais para ter tempo de solidificar a firma de seu pai.
Bom, já agora, e antes de continuardes a ler este artigo, vejam o seguinte vídeo. “La Voiture Noire” é um carro muito especial e uma evocação do estimado masterpiece original Atlantic “La Voiture Noire” de Jean Bugatti que anda desaparecido desde o começo da Segunda Guerra Mundial…
Muita emoção, não é? E certamente dá vontade de chorar…
No geral, muitos dos carros que eram utilizados no dia a dia tinham o necessário perfil desportivo para serem utilizados em corridas, dada a sua forma fusiforme que lhe conferia um peso relativamente baixo e uma maior agilidade face a modelos de outras marcas, conferindo-lhe velocidades de ponta mais elevadas em conjugação com potentes motores estreitos de oito cilindros em linha. Cedo a Bugatti – cujos produtos foram construídos com ferramentas e máquinas fabricadas pela própria firma e não por fornecedores externos – ficou conhecida pela tecnologia de ponta para o seu tempo, mas sobretudo pela sua forma peculiar da grelha frontal dos seus carros, cuja forma foi inspirada no formato elíptico do ovo, derivando mais tarde para o formato de “ferradura do cavalo” (ovo invertido com fundo plano) que veio a marcar para sempre toda uma série de modelos… até hoje.
A história da marca fundada e sediada atualmente na cidade francesa de Molsheim vai já na sua terceira era que dura desde 1998. A era áurea da firma original (1909-1959) foi rica em variados modelos sofisticados de elevada performance para o tempo em que foram construídos, entre os quais o carro de Grande Prémio Type 35, os luxuosos modelos Type 41 “Royale” e Type 57 “Atlantic” e ainda o bólide desportivo Type 55. A segunda era teve curta duração (1991-1995) sob a égide da também extinta sociedade italiana Bugatti Automobili S.p.A e apenas um modelo produzido, o superdesportivo Bugatti EB110 que foi fabricado em Campogalliano (Modena), cuja moderna fábrica encontra-se atualmente ao abandono. A herança da marca foi felizmente salvaguardada pelos alemães do Grupo Volkswagen (graças ao espírito visionário do então seu CEO Ferdinand Piëch, neto do lendário engenheiro mecânico Ferdinand Porsche), que compraram os direitos do uso da marca aos anteriores donos e ainda a antiga propriedade do fundador da marca em Molsheim – o Château Saint Jean datado de 1856 – que foi transformada na sede da nova firma Bugatti Automobiles S.A.S., construindo um novo atelier perto daí que seria inaugurado em 2005. Nesse local veio a nascer o primeiro símbolo da nova era, o Bugatti Veyron.
No Bugatti Veyron foi aplicada a inspiração de design, adaptada aos tempos modernos e ampliada ao formato de supercarro, dos antigos modelos Type de tejadilho fechado da era “Ettore”, bem como a ousada tecnologia de motor, assente numa arquitetura pouco comum com 16 cilindros dispostos em forma de “W”, que resultou de uma junção de dois blocos do motor VR8 do grupo Volkswagen, que por sua vez resultou de uma adição de dois cilindros aos seis do primordial VR6.
A original arquitectura VR6 – uma tecnologia exclusiva da Volkswagen – consiste numa bancada de seis cilindros em V, cujas duas linhas de três cilindros fazem um ângulo muito curto, de apenas 15 graus, de tal modo que mais parece um bloco de seis cilindros em linha. Esta disposição compacta de cilindros, que faz com que hajam sempre dois cilindros de linhas opostas dispostos de forma oblíqua, permite acomodar uma boa quantidade de cilindros num espaço reduzido. O primeiro modelo da Volkswagen a receber este tipo de motor foi o Corrado (fabricado entre 1991 e 1995).
Aproveitando o bloco VR8 derivado do VR6, a Volkswagen fez um aturado trabalho de junção de dois blocos VR8 por uma cambota especialmente concebida para o efeito, transformando-o num complexo W16 8.0 L, com 16 cilindros, 64 válvulas e quatro turbos, montado em posição central-traseira e ligado a uma caixa automática de sete velocidades com dupla embraiagem. O seu desenvolvimento demorou cinco anos e o seu resultado é apenas o motor mais complexo do mundo que é constituído de materiais nobres tais como o alumínio, o magnésio e o titânio, os quais lhe garantem solidez e fiabilidade. O objetivo de Ferdinand Piëch com a conceção deste motor era a obtenção de um elevado nível de performance nunca antes experimentado e que respeitasse as permissas originais da marca de performance de topo: arte, forma e técnica. De facto, Ettore Bugatti fabricou especificamente um duplo motor de 16 cilindros refrigerado a água, que foi uma junção em forma de “U” por engrenagens de dois típicos motores estreitos em linha de 8 cilindros da marca, que equipou os protótipos Type 45 e Type 47 que nunca chegaram a ser produzidos em série. Também, por isso, a “nova” Bugatti quis, audaciosamente, cumprir o sonho de produzir um motor de 16 cilindros de elevada performance. Tão elevada que foi ultrapassada a fasquia dos 1000 cv de potência e dos 400 km/h de velocidade máxima, bem como uma aceleração assombrosa de 0 a 100 km/h em menos de 3 segundos. Mas não sem garantir que tal velocidade de ponta fosse atingida nas melhores condições de segurança e com pneus da Michelin desenvolvidos especificamente para o Bugatti Veyron EB 16.4, como viria a ser chamado o modelo original. E uma carroçaria límpida e corpulenta que conferisse um extremo equilíbrio em todas as condições, sobretudo em alta velocidade. Sem esquecer os poderosos sistemas de segurança e de travagem…
Foi, pois, um grande problema colocar este promissor modelo em produção depois de o Grupo Volkswagen ter dado luz verde em 2001. Finalmente, em setembro de 2005, o Veyron começou a ser produzido em série, ainda que num número pequeno, dada a extrema exclusividade do modelo. Assim se cumpre um duplo sonho: o de fazer regressar a Bugatti à ribalta e o de fazer funcionar “a plenos pulmões” o poderoso motor W16!
O Veyron, cujo nome presta homenagem ao malogrado engenheiro e piloto da marca Pierre Veyron foi fabricado entre 2005 e 2015 em quatro versões distintas: o coupé Veyron 16.4 (potência de 1001 cv e velocidade de ponta de 407 km/h), o roadster Grand Sport (com as mesmas prestações do coupé normal), o mais rápido coupé Super Sport (que alcançou o recorde de velocidade de então para carros de produção em série, fixado em 431,072 km/h com potência de 1201 cv e binário de 1500 Nm) e finalmente o roadster mais rápido de sempre, o Grand Sport Vitesse (com as mesmas especificações de motor do Super Sport e prestações similares).
Mantendo os traços fundamentais da marca e um nível de luxo incomparável, foi durante vários anos o modelo mais rápido do mundo, contudo a concorrência começou a fazer-lhe frente. Por isso, a Bugatti teve forçosamente de melhorar o seu conceito e, tendo plena confiança na progressão de performance do seu motor W16, concebeu o sucessor do Veyron, cujo nome vai buscar inspiração justamente ao malogrado piloto monegasco Louis Chiron. O Bugatti Chiron foi revelado a 1 de março de 2016 no Salão de Genebra.
Curiosamente, a designação “Chiron” apareceu num protótipo antecedente do Veyron, chamado EB 18/3 Chiron, que albergava o protótipo de motor W18 que inicialmente estava previsto ser utilizado no futuro Veyron.
A ESSÊNCIA DO BUGATTI CHIRON
O Bugatti Chiron é o mais recente modelo superdesportivo de dois lugares da marca , cujo design e desenvolvimento foram feitos na Alemanha pela Bugatti Engineering GmbH. O processo de montagem, claro está, mantém-se em Molsheim. Tecnicamente e dinamicamente, o Chiron é notoriamente superior ao Veyron em todos os aspetos. Começando pela unidade motriz, é mantido o bloco W16 8.0 L com quatro turbos, comandado pela caixa automática de dupla embraiagem com sete velocidades (a maior montada num carro de passageiros), mas com potência de base largamente aumentada de 1001 para 1500 cv obtidos às 6700 rpm e binário máximo aumentado para 1600 Nm entre as 2000 e as 6000 rpm, tornando o Chiron o primeiro modelo de estrada no mundo a atingir este patamar de potência, graças à otimização do desenho de todos os componentes do motor, da adoção do novo sistema de injetores duplex (total de 32 injetores, dois por cilindro) e ao significativo aumento, em 69% face aos utilizados no Veyron, das dimensões dos quatro turbocompressores. Recorde-se, a título de exemplo, que a versão mais potente do Veyron tinha 1200 cv e binário máximo de 1500 Nm. Mesmo assim, o aumento de potência é francamente significativo, complementando pelo novo e sofisticado sistema de escape, inteiramente composto por titânio. A velocidade máxima estende-se agora aos 420 km/h, limitados eletronicamente para o seu uso em estrada e por questões de segurança. A aceleração dos 0 aos 100 km/h baixou seis centésimos de segundo, para uns impressionantes 2,4 segundos.
Para uma entrega linear de potência e prevenir o característico turbo lag, os quatro turbos trabalham em duas fases: desde o arranque até às 3800 rpm, o motor ativa apenas dois turbos, ao passo que a só partir deste ponto os restantes dois turbos entram em ação. O novo sistema de resfriamento da admissão de ar contribui também para o aumento de potência, ao permitir o bombeamento de mais de 60 mil litros de ar por minuto para o motor, ao passo que o novo sistema de refrigeração faz circular 800 litros de água por minuto por todo o motor.
Para compensar o aumento do peso provocado pelo aumento de potência, os materiais leves tais como o titânio e a fibra de carbono tomam ainda maior protagonismo neste modelo. Por exemplo, o tubo de entrada, o sistema de admissão de ar e o alojamento da corrente são compostos unicamente em fibra de carbono, ao passo que o peso do novo virabrequim foi otimizado. Estruturalmente, o monocoque é de elevadíssima rigidez e o mais sofisticado da sua classe, graças ao melhor uso possível da fibra de carbono que compõe, também e pela primeira vez, a secção traseira do veículo. Só para se ter uma ideia: se todas as fibras individuais fossem dispostas de uma ponta à outra, cobririam nove vezes a distância entre a Terra e a Lua, o que ajuda a explicar o facto de serem necessárias quatro semanas e 500 horas-homem para construir um monocoque. De resto, e graças ao uso de materiais de alta tecnologia destinados à alta perfornance, a zona traseira da estrutura do Chiron é 8 kg mais leve do que a do seu antecessor. A estrutura do supercarro é completada por um esqueleto em fibra de carbono montado segundo um procedimento inovador do tipo “sanduiche” que, combinado com o uso otimizado do material, confere uma redução de 8 kg face ao tipo de construção convencional. A rigidez da estrutura não é menos importante, sendo mesmo fundamental para que o Chiron alcance uma rigidez torcional de 50 mil Nm por grau e uma rigidez flexural de cerca de 0,25 mm por tonelada, valores comparáveis a um carro de competição da categoria LMP1. Mais um exemplo de sofisticação: o Chiron é o primeiro modelo com airbags que se podem soltar de estruturas de fibra de carbono, nomeadamente o airbag do lado do passageiro e o airbag alojamentos dos bancos.
Não há qualquer vestígio de chapa, nem podia haver num carro tão sofisticado com este. Todo o revestimento externo do carro é feito inteiramente de fibra de carbono, com fibras perfeitamente alinhadas que fluem através do limiar dos componentes vizinhos sem qualquer interrupção ótica. Graças a um trabalho meticuloso e habilidoso, esta característica é mais um chamariz para qualquer entusiasta. Apenas o tecido de fibra de carbono da mais alta qualidade é usado para a superfície de carbono visível, sendo depois aplicadas seis camadas de verniz a fim de garantir uma superfície perfeita. Além dos mais, existem algumas partes do corpo que requerem processos de produção extremamente complexos, tais como a tampa do compartimento traseiro ou as asas, elementos que não têm bordas nem lacunas, mas tão somente reflexos fantásticos que são visíveis também nas laterais do veículo. Existe uma parte da carroçaria extremamente cativante que se estende do pilar A à zona traseira numa única peça. Nestes pormenores se revela o perfecionismo da Bugatti, tal como nos primeiros tempos da sua história.

Não menos importante é a capacidade superior da bagageira e o nível superior de conforto conferido pela estrutura, sendo pela primeira vez possível arrumar uma mala do tamanho de um carrinho de mão homologado para viagens aéreas (44 litros) na bagageira de um Bugatti. Isso foi possível graças à posição inclinada do radiador, que permite uma superfície de refrigeração maior.

O Chiron possui o primeiro chassis adaptativo da marca, com vista a providenciar uma experiência dinâmica de condução, uma resposta muito direta, uma agilidade consideravelmente maior, uma resposta precisa da direção, uma curvagem rápida e uma excelente aderência à estrada mesmo curvando a alta velocidade, resultando num máximo prazer de condução com um vasto pacote envolto em conforto. A respostas da direção, dos travões e do pedal do acelerador são diretas e a estabilidade direcional é excelente. Muito do comportamento do carro depende de pneus supra resistentes e performantes, pelo que a Bugatti desenvolveu, segundo padrões aeronáuticos, um novo modelo de pneu de alta qualidade em parceria com a prestigiada Michelin, de tamanho 285/30 R20 à frente e 355/25 R21 atrás, capaz de transmitir para a estrada 5000 Nm de força por roda, suportar de modo eficaz velocidades superiores a 400 km/h e, ao mesmo tempo, de proporcionar o máximo conforto de rolamento em cidade.

O sistema de travagem, dotado com a melhor tecnologia existente, contém discos carbocerâmicos especiais feitos de carboneto de silício de carbono (CSiC), os quais são mais leves do que os discos convencionais e conferem maiores níveis de resistência à corrosão, performance e durabilidade; à frente e atrás, os travões de disco têm mais 20 mm de diâmetro e 2 mm de largura do que os usados no Veyron, resultando numa dissipação de calor maior e performance acrescida em pista. As pinças contêm êmbolos de titânio com diferentes tamanhos – oito êmbolos à frente e seis êmbolos atrás – cuja configuração e posicionamento dos mesmos garante uma distribuição uniforme da pressão em toda a superfície dos discos, prevenindo o desgaste irregular destes.

Para melhor lidar com o incremento de potência e de binário, o chassis adaptativo do Chiron contém cinco modos de condução: “Lift”, “EB”, “Autobahn”, “Handling” e “Top Speed”. Os principais atuadores que ajustam o chassis mediante o modo de condução selecionado são: o ajuste da altura do chassis, o controlo eletrónico dos amortecedores, a direção assistida controlada eletronicamente, a tração às quatro rodas com facilitador de derrapagem, o controlo eletrónico do diferencial traseiro, o sistema de controlo aerodinâmico e o sistema de estabilidade e de travagem. O modo “Lift” é útil se o veículo for carregado num trailer ou conduzido sobre lombas ou entradas, sendo que quando se atinge a velocidade de 50 km/h, o carro muda automaticamente para o modo “EB” para um maior conforto e agilidade, sendo que no modo “EB”, a altura do chassis e os amortecedores são ajustados automaticamente em função da velocidade e das condições de estrada. Caso o Chiron esteja a circular a mais de 180 km/h, o modo “Autobahn” é ativado automaticamente; neste caso, as configurações do amortecedor são ajustadas automaticamente para um manuseio confortável e estável em velocidades mais altas em autoestrada. Já no modo “Handling”, recomendado para condução em pista, todos os sistemas são ajustados para níveis máximos de performance e agilidade. Estes quatro primeiros modos de condução podem ser ajustados individualmente através de um botão rotativo fixado no volante.

A velocidade máxima nos modos “EB”, “Autobahn” and “Handling” é de 380 km/h. Contudo, se o condutor quiser mesmo elevar a velocidade até aos 420 km/h finais, pode ativar o modo “Top Speed”, mas só através de uma segunda chave chave de ignição, conhecida como “Speed Key”, tal como acontecia no Veyron. Rodando esta chave, o condutor opta conscientemente por este “cume” de velocidade, e apenas quando todos os sistemas dão luz verde. Tudo em segurança, de acordo com os pergaminhos da marca francesa.
A aerodinâmica e a capacidade de refrigeração do Chiron, tratando-se de um carro ultra potente e veloz, são elementos primordiais, razão pela qual o formato da carroçaria está particularmente focado para obter os melhores resultados neste campo. A produção de 1500 cv de potência gera mais de 3000 cv de calor, pelo que foi importantíssimo desenhar um sofisticado sistema de gestão de entrada de ar. A fim de garantir o menor arrasto possível, a área efetiva de arrasto foi reduzida e projetada de forma a que a turbulência causada pela rotação das rodas seja evitada. A área exposta remanescente na frente do veículo está vocacionada para guiar o ar que entra e ao redor do carro. Os componentes que desempenham um papel fundamental aqui são: a cortina de ar, o splitter frontal, as entradas de ar dianteiras para a refrigeração dos travões, da água e do ar condicionado, as entradas de ar do radiador de óleo e as entradas de ar do motor nas laterais, bem como a borda de fuga contínua na parte traseira do veículo.
Os travões de alta performance necessitaram de um esquema de refrigeração muito peculiar, que consiste num escudo térmico extremamente sofisticado patenteado pela Bugatti que canaliza o ar quente através dos travões para o exterior, ao mesmo tempo que as três entradas de ar de cada lado do carro que fazem passar o ar frio através do aro das rodas.
A zona inferior da carroçaria é equipada com guias de ar especiais sob forma de trilhos, chamados strakes, bem como difusores ativos. As saídas de ar para o radiador principal também estão instaladas na frente. Na secção central da parte inferior da carroçaria, existem dutos específicos conduzem o ar para o interior para resfriar a unidade motriz, enquanto que as entradas de ar na zona traseira refrigeram os travões traseiros.
Para além dos apêndices aerodinâmicos passivos, o Chiron possui um sistema aerodinâmico ativo que é o resultado de uma combinação de mecanismos focados para o desempenho, que inclui a aba do difusor hidráulico com geometria otimizada no eixo dianteiro que garante uma menor resistência ao ar e uma refrigeração ultra eficaz dos travões, o chassis adaptativo que ajusta a distância ao solo em vários níveis e o “travão de ar” ativo. Sobejamente importante, a asa traseira do Chiron é uma peça única e movível, sendo agora 39% mais larga do que a do seu antecessor, podendo agora operar em quatro posições diferentes – completamente retraída, ligeiramente estendida (no modo de condução “Top Speed”), completamente estendida nos modos “Handling” e “Autobahn” e também inclinada para a frente na função de “travão a ar”. Sendo o seu design altamente eficiente e perfeitamente encaixante na carroçaria do bólide, torna-se completamente desnecessária a adoção de um spoiler complementar.

O sistema de refrigeração do powertrain é talvez o mais avançado do mundo, sendo composto por dois circuitos de água: um circuito de alta temperatura para a refrigeração do motor e um circuito de baixa temperatura para a refrigeração do ar. O circuito de alta temperatura possui um radiador principal e dois auxiliares com 37 litros de líquido de refrigeração que são bombeados por todo o circuito em cerca de três segundos. O circuito de baixa temperatura foi concebido para garantir uma refrigeração eficaz do ar em situações de para-arranca e tráfego urbano, sendo composto por um radiador com capacidade para 12 litros de água, evitando assim o sobreaquecimento do motor. Se aos três radiadores já citados juntarmos os três sistemas de refrigeração do óleo do motor, do óleo de transmissão e do diferencial do eixo traseiro, juntamente com os dois permutadores de água/ar e o refrigerador do óleo do sistema hidráulico, o sistema global do Chiron é o mais complexo montado num carro desportivo, com 10 radiadores no total.

A eletrónica e os sistemas elétricos do Chiron conferem-lhe um nível de inteligência supremo face aos seus concorrentes, que permite ao condutor concentrar-se ao máximo na sua pilotagem e disfrutar as suas emoções sem quaisquer sinais de distração. Nada menos do que 50 comandos gerem o conjunto motor-transmissão, os componentes do chassis, o ar condicionado e as funções de conforto. Tudo continua a funcionar, claro está, mesmo em velocidades acima de 400 km/h, sem falhas. Existem oito controladores que são responsáveis apenas pelo seletor dos modos de condução e, em apenas a cada 10 milissegundos, processam e monitorizam cada comando do condutor. Por outro lado, através de possíveis reprogramações de hardware e software, o Chiron pode manter-se atualizado e viável por muito tempo e, ao mesmo tempo, manter uma base sólida para funções de telemetria e conectividade. Foi implementado um novo sistema de iluminação LED, bem como um sistema de infoentretenimento com painel de instrumentos e uma nova unidade de controlo do ar condicionado. Para exibir cenários de iluminação especiais, tais como a cerimónia de boas-vindas, o sistema de iluminação do Chiron foi desenhado para um controlo digital individual.

O sistema de iluminação é composto por um total de “oito olhos” realçados pela tecnologia “Full LED” inseridos nos mais planos faróis já instalados num carro. Cada farol tem o seu próprio comando para operar os projetores de LED inslatados atrás das lentes principais, que são montadas em delicados braços de alumínio. Os oito quadrados luminosos (quatro em cada farol) consistem em condutores de luz lateral e luz diurna. Os leves acabamentos dos faróis são feitos em fibra de carbono!

O painel de instrumentos do Chiron é totalmente novo, uma clara evolução tecnológica face ao utilizado no Veyron. O complexo, instalado numa caixa de alumínio, consiste em três monitores compactos que rodeiam o velocímetro analógico. Os monitores de tecnologia TFT de alta resolução conferem extrema nitidez e estão posicionados à direita e à esquerda do velocímetro, com um mostrador IPS plano de pequenas dimensões inserido na base inferior do círculo do velocímetro. Só para se ter uma ideia da complexidade funcional do painel de instrumentos, a documentação técnica sobre o funcionamento do painel de instrumentos tem cerca de 1500 páginas! O princípio de funcionamento é de que o condutor apenas deve receber as informações necessárias para o modo de condução que está ativado. Quanto mais rápida for a condução do Chiron, mais simples se torna a apresentação do painel de instrumentos; em situações de alta velocidade, o painel de instrumentos oculta os dados de infoentretenimento e mostra apenas os dados relativos à condução que o condutor necessita de saber, em total segurança e comodidade.

O Chiron tem provavelmente a consola central mais agradável e estreita em termos esteticos. A consola possui a esbelta alavanca de velocidades e quatro interruptores redondos de climatização com indicadores sob o capô de vidro que podem ser facilmente vistos não só do lado do condutor, mas também do lado do pendura. No primeiro nível de controlo, os quatro interruptores operam as funções de distribuição de ar, ventilador, temperatura e aquecimento dos assentos. De acordo com o princípio de uma apresentação clara e intuitiva de uma grande variedade de funções, o segundo nível de cada indicador fornece funções adicionais para a monitorização dos dados de desempenho de condução, permitindo também uma programação individual caso seja desejo do condutor. Existem quatro configurações diferentes para a definição de funções diferentes: o modo “Ícone”, o modo “Performance”, o modo “Cruise” e o modo “Classic”.

O Chiron integra o mais sofisticado e luxuoso sistema de som instalado num superdesportivo, desenvolvido pela Acutton, conhecida pelos equipamentos dotados de tecnologia de ponta. É composto por quatro tweeters que estão embutidos na estrutura do monocoque, cada um deles com uma membrana de diamante de 1 quilate que proporciona um som cristalino, e ainda o primeiro altifalante de médio alcance mundo com duas zonas de membrana separadas. Em combinação com outros recursos sofisticados, tal sistema de som proporciona uma experiência apenas comparável com a de uma sala de concertos musicais, com a diferença de ser vivenciada num contexto de velocidade exacerbadamente pura. O mesmo sistema pode ser ainda ajustado para diferentes materiais de interior, inclusive diferentes tipos de couro.
Para efeitos de consulta de dados e até como meio para a tomada de acções preventivas e corretivas, o Chiron é dotado de um sistema de telemetria através do qual os técnicos podem extrair dados de diversos parâmetros a pedido do cliente. Para além do rápido sistema padrão de transmissão de dados UMTS, está instalado o sistema de transmissão de dados de rede sem fios (Wifi), que permite que o condutor faça um registo diário das suas viagens. De modo a garantir um nível de topo em matéria de segurança eletromagnética, foram feitos testes adicionais de acordo com o padrão militar vigente.
















Se o Veyron tinha dimensões monstruosas e linhas retro-artísticas dos famosos clássicos, o Chiron exacerbou-as e aperfeiçoou-as, sem deixar ao acaso todos os atributos elementares do seu antecessor, acrescentando contudo formas esculturalmente refinadas que são aliadas à alta performance. Tais formas foram inspiradas claramente pelo lendário Bugatti Type 57SC Atlantic, a maior criação artística do genial Jean Bugatti.
Exteriormente, os elementos de design mais distintivos são: a ferradura Bugatti conjugada com a extremidade frontal de oito olhos (aludindo ao formato das novas lâmpadas LED dos faróis); a barra lateral em forma de “C” (mais conhecida como a “linha Bugatti”) que também é usada como elemento de design no interior; a barbatana central que é uma reminiscência da costura central do Bugatti Atlantic, que se estende por todo o veículo até à parte traseira; por fim, a revolucionária traseira que incorpora a fina luz traseira que se estende numa linha por quase toda a largura e confere uma assinatura distinta do modelo e da marca. A maior parte destes elementos tem uma base técnica e foi projetada para aprimorar o desempenho e a aerodinâmica do superdesportivo.
O sucessor do Veyron é mais alto e mais largo, o que permite mais espaço, especialmente na zona dos pés, bem como uma ergonomia aprimorada. A altura livre (medida a partir do cume dos assentos) foi aumentada em 12 mm. A extremidade dianteira mais larga do bólide é realçada pelo formato dos novos faróis, dando ainda espaço para alojar uma entrada de ar altamente eficaz para a refrigeração das rodas dianteiras e dos travões, desempenhando uma importante função aerodinâmica.
Quanto à marcante “linha Bugatti”, que é uma expressão da filosofia ancestral de design da Bugatti, esta não é uma mera linha de estilo, mas também altamente funcional, cujo aperfeiçoamento e posicionamento foram definidos pela necessidade de melhorar a ventilação do motor W16 quadriturbo e o desempenho da ventilação em geral nesta área. Logo atrás do pilar A, um fluxo de ar fresco muito útil entra no veículo ao nível da janela. De seguida, o ar é absorvido pela barra “C”, sendo conduzido até ao arco da roda e sai do carro pela traseira. A linha que define o “C” tem um comprimento de 2,80 metros, cuja faixa de acabamento é feita de uma liga especial de alumínio com polimento manual para garantir o característico alto brilho, estando ainda embutida tanto na lateral como na porta. Se o cliente desejar, a tira está disponível em várias cores diferentes.
O design da traseira é outro grande exemplo da alta funcionalidade da forma do Chiron, sendo ela moldada para assegurar menor resistência ao ar e para responder aos desafios colocados pelo acréscimo de potência, pela nova velocidade máxima e pela dissipação de calor pela traseira. O efeito de sucção atrás da extremidade traseira permite a extração do ar quente acumulado no compartimento do motor. A faixa uniforme e ininterrupta de luz traseira que incorpora os indicadores luminosos de travões, marcha atrás e mudança de direção tem um comprimento de 1,60 metros, enfatizando a largura do Chiron e a assinatura indissociável a este modelo. Esta faixa tem apenas alguns milímetros de altura e é rodeada por uma barra maquinada em alumínio sólido, contendo no interior 82 lâmpadas LED Super RED a fim de garantir a sua funcionalidade face aos veículos que seguem atrás.










O equilíbrio entre a beleza e a monstruosidade que já antes estivera presente em modelos anteriores da Bugatti foi significativamente modificado para assegurar uma maior agressividade do Chiron face ao Veyron. Isso nota-se na linha lateral consideravelmente mais dinâmica, na barbatana central que dá uma impressão de aceleração, nas asas traseiras mais alongada e no ângulo de ataque mais dinâmico. Normalmente, o Chiron apresenta um esquema de duas cores, conforme aconteceu em mais de 50% dos exemplares produzidos do modelo Veyron; contudo é possível a venda de exemplares com esquema de um único tom. As maiores dimensões do Chiron possibilitam a adoção de rodas de maiores dimensões com jantes forjadas em alumínio, bem como asas traseiras mais volumosas e um spoiler traseiro mais largo e proeminente.
A qualidade de construção do Chiron é 100% sublime, 100% sólida e 100% suprema. Toda a estrutura do carro em si é feita em fibra de carbono, ao passo que as aplicações feitas na carroçaria são em alumínio anodizado de alta qualidade polido com precisão à mão para um brilho estonteante. A ferradura da frente é feita de uma única peça, com o grau de deformação a atingir os limites da viabilidade técnica. Mesmo a grade que está inserida dentro da ferradura e que serve de grelha frontal é feita do mesmo material, apresentando um efeito de profundidade ótica e, ao mesmo tempo, conferindo uma grande resistência ao impacto.

O próprio emblema oval da Bugatti sofreu um upgrade. Sendo uma autêntica peça de joalharia, foi a única peça que não sofreu redução de peso, aumentando até de dimensões em cerca de um terço face ao utilizado no Veyron. A peça em si é composta por prata fina sólida 970 e esmalte e tem um peso total de 155 g, incluindo 140 g de prata. Antes, o emblema tinha ótica 2D, com um logótipo art deco e uma pitada de sombra de acordo com a versão da década de 1920. O novo emblema apresenta um design 3D que cria o efeito de letras que pairam sobre o esmalte vermelho. Este novo padrão decorativo é produzido num processo completamente artesanal extremamente complexo e demorado. No total são aplicadas cinco camadas de esmalte em processos individuais, seguidos de cozimento e polimento manual. Ettore Bugatti, cujo lema era “nada é muito bonito e nada é muito caro”, certamente se reveria neste novo procedimento.













O interior é, de facto, majestoso, onde reina o couro da mais alta qualidade conjugado com aplicações em alumínio e ainda partes estruturais integralmente feitas de fibra de carbono. Reflete fielmente e até reforça o estilismo presente no exterior, inclusive na barbatana central inspirada no Bugatti Atlantic, que garante um layout simétrico no interior. O design da oval baseada no “C” estilizado, que representa a inicial da assinatura de Louis Chiron, é o elemento dominante para quem vislumbra o interior carro pela lateral e serve como linha de separação entre o lugar do passageiro e o lugar do pendura. A faixa de luz em forma de “C” que contorna a oval emerge do capô dianteiro para o compartimento do passageiro como um elemento gráfico elevado funde-se perfeitamente com o painel, fluindo sobre o apoio de braço entre os assentos para a parede traseira onde sobe para o forro do teto; finalmente, o contorno do “C” termina no espelho retrovisor. A barra de luz é regulável de forma homogénea, sendo o condutor de luz mais longo usado em automóveis. A moldura sobre a qual assenta o feixe de luz é usinada a partir de uma única peça de alumínio através de um processo complexo.
O esquema do cockpit é um reflexo da filosofia da funcionalidade aliada à forma, ou vice-versa, para total gláudio. A fim de manter a consola central o mais fina possível e permitir uma otimização de espaço, os sistemas de controlo de temperatura e de infoentretenimento foram separados, ao passo que as unidades da consola central possuem telas independentes. A avalanca para a caixa de velocidades automática de dupla embraiagem está exatamente onde devia estar, na posição ergonómica perfeita, ao alcance da mão do condutor. Todos estes comandos são revestidos de alumínio anodizado, sendo esta uma solução apenas utilizada pela Bugatti, até para garantir que cada símbolo gráfico individual seja iluminado.
O condutor, ou piloto (dependendo do ponto de vista de quem o conduz), tem toda a informação relacionada com a condução dinâmica de que necessita no seu campo de visão. A instrumentalização fica visível através do volante que contém o emblema central da ferradura e as icónicas letras iniciais do nome do fundador da marca (EB) e inclui o velocímetro analógico, que se destaca pela sua qualidade exclusiva apenas comparável com um precioso relógio suíço, e os dois ecrãs digitais que ladeiam o velocímetro. O velocímetro está escalado para uma velocidade máxima de 500 km/h, ainda que a velocidade máxima do Chiron esteja limitada aos 420 km/h. Será que alguma vez o Chiron atingirá a cifra mágica? Hum…
A forma do volante do Chiron é altamente funcional e mais uma clara evolução face ao Veyron em todos os sentidos. A sua ergonomia e o seu tamanho favorece o controlo da direção pelo condutor. Todos os sistemas essenciais podem ser operados através de botões embutidos na estrutura do volante, o que elimina a necessidade de o condutor tirar as mãos do volante a não ser por brevíssimos momentos. Dois botões multifuncionais instalados no lado esquerdo e direito do aro interno permitem ao condutor controlar todas as funções de multimédia, incluindo navegação, telefone, sistema de som e muitas outras. Abaixo dos botões multifuncionais, existe um botão rotativo para selecionar vários modos de condução no lado esquerdo e o botão de ignição do motor do lado direito. Na zona inferior do centro do volante existe um botão para ativar a função de controlo de arranque, mais conhecido como “Launch Control”, permitindo ao Chiron arranques com partida parada com total controlo e o máximo binário disponível, claro está, tal como nas corridas. O volante do Chiron contém ainda patilhas ultra ergonómicas que permitem efetuar trocas de velocidade quando a caixa está configurada em modo manual.
Os compradores do Chiron podem escolher entre um volante totalmente em couro ou um volante com uma combinação de couro com fibra de carbono. A Bugatti, sempre dentro da sua filosofia, procura sempre satisfazer os seus clientes fazendo sempre uso de fibra de carbono. No total a Bugatti oferece 31 configurações para couro e oito cores para alcântara. Caso algum cliente tenha um desejo especial em relação às cores ou materiais, os designers e os engenheiros fazem tudo o que estiver ao seu alcance para tomar isso em consideração desde que sejam cumpridos todos os requisitos de segurança e qualidade estabelecidos pela marca, ou seja, os melhores. Cada interior é feito sob medida para cada cliente, completamente à mão.
O design dos dois assentos está claramente focado na melhor posição dos passageiros quando sentados, aliada ao conforto. Existem três tipos de assento disponíveis. A versão padrão oferece um excelente conforto graças ao estofamento sofisticado, ao padrão de costura especial e à distribuição ideal da pressão do assento. Os assentos podem ser ajustados de modo elétrico para a frente e para trás. A ergonomia dos assentos permite ainda um excelente apoio lateral nas curvagem do carro, com a ajuda das almofadas laterais. Existem ainda os assentos desportivos com aberturas de cinto em alumínio polido de alta qualidade para cintos de quatro pontos e ainda assentos mais confortáveis com apoio lombar, regulagem elétrica e função de memória.
Tendo em conta de que o Chiron pretende aliar o alto luxo à alta performance, não faltam sequer espaços de arrumação preciosos e prateleiras. Existem compartimentos de arrumação abertos e fechados nas portas, todos equipados com iluminação regulável, que possibilitam várias possibilidades de arrumação. Os smartphones podem ser colocados no compartimento debaixo do pilar da consola central, com fácil acesso. O porta-luvas refrigerado proporciona um inesperado conforto. Sacos de terno ou jaquetas podem ser pendurados em dois ganchos esculturais de alta qualidade por detrás dos assentos.
Até as duas chaves de ignição tem espaço de arrumação especiais. A chave principal que permite ao Chiron circular até 380 km/h tem uma função de “go keyless” e trava numa posição à direita do volante a fim de garantir uma arrumação segura mesmo em situações de maior agitação do carro; é uma peça elegante, exclusiva e agradável ao toque, fabricada em alumínio e revestida a couro com costuras decorativas adaptadas ao equipamento interior de cada exemplar. A frente da chave contém o logótipo Bugatti, feito à mão em prata e esmalte na mesma oficina onde é feito o emblema presente na grelha da frente. Já a famosa “Speed Key” tem um design adequando à sua designação, sendo ela forjada em alumínio e polida em alto brilho, ostendando o lettering inconfundível “Chiron” em azul. Esta chave tem o seu próprio local de arrumação e, para tal, é mantida no lugar por um íman invisível na faixa do interruptor à esquerda do assento do condutor, sendo portanto visível assim que o condutor entra no bólide.
CONCLUSÃO
O Bugatti Chiron foi o resultado de uma evolução lógica cujo desenvolvimento não descurou uma única variável. Teve o mérito de elevar o luxo, a performance e a dinâmica a patamares que outrora se julgavam inatingíveis. Honrou os mais nobres pergaminhos de uma marca com especial afinco e dedicação, beneficiando não só da mais alta tecnologia do Grupo Volkswagen mas também do conhecimento preservado do heritage da marca. Representa o pináculo de performance que nem o fundador sequer imaginou que fosse atingido com toda a solidez associada à qualidade dos materiais e de construção. Não admira, pois, que cada exemplar tenha um preço de base cifrado em 2,5 milhões de euros!
Infelizmente mas compreensivelmente, este será o último modelo Bugatti a incorporar o motor W16, já que os futuros modelos serão híbridos ou mesmo totalmente elétricos, garantindo ainda assim elevadas performances. Enquanto isso não acontece, desde que a Bugatti lançou o Chiron que o atelier de Molsheim vai criando outras obras de arte que contêm a base técnica e o motor do Chiron, para além de versões especiais deste modelo que serão abordadas noutros artigos.
Importa, também, realçar um registo especial obtido num teste que consistiu em acelerar de 0 a 400 km/h e de seguida travar de 400 a 0 km/h, protagonizado pelo piloto colombiano Juan Pablo Montoya, cujo tempo gasto foi de apenas 42 segundos.
Portugal teve a honra de receber a sessão especial de testes dinâmicos numa estrada nacional fechada ao público, algures no Alentejo.
Se esta versão de base já é demolidora, então imaginem as versões especiais. Não restam dúvidas de que a Bugatti fez um trabalho perfeito, já que estamos perante um modelo cuja beleza demonstra poder sem mácula nem hesitação. É uma espécie de Atlantic dos tempos modernos, e não podia sê-lo de outra maneira.
Se o mundo automóvel podia viver sem a Bugatti? Talvez, mas ficaria órfão de um símbolo de precisão, arte e beleza intrinsicamente ligadas à velocidade pura em estrada aberta. Se a Bugatti não existisse, o astro Cristiano Ronaldo não teria a audácia de trazer um Bugatti Chiron para a sua garagem de sonho.
Vive la marque. Ou… Que a Bugatti continue a fazer sonhar os corações apaixonados. Hum… Lamechas, não?…