A DRIVER’S CLUB N304 é uma associação sem fins lucrativos que se dedica à organização de eventos de condução desportiva com forte componente de turismo automobilístico, que decorrem em plena comunhão com a natureza como meio envolvente principal, buscando forte inspiração ao troço original da Estrada Nacional 304 (EN304) que passa por Mondim de Basto – sede da organização – e atravessa a Serra do Alvão, onde ficam as famosas Fisgas de Ermelo. Não é por acaso que a EN304 é já considerada uma das melhores estradas do mundo para se conduzir, de acordo com declarações oficiosas da Ford Motor Company e da Europe’s Greatest Driving Roads!

Tendo já organizado oficialmente a sua primeira Gala “Clássicos à Época” em junho de 2022 – a segunda edição será entretanto realizada já a 4 de junho do presente ano de 2023 -, bem como vários passeios de carros desportivos (com clássicos pelo meio) e eventos de off road – “Na Roda do Granito de Mondim” e “Todas ao Monte” – sempre com a EN304 e a Serra do Alvão como pano de fundo, a DRIVER’S CLUB N304 tem contado com o apoio de várias entidades, entre as quais a Câmara Municipal de Mondim de Basto, que lhe permite ter sustentabilidade financeira para a organização de tais eventos lúdicos para apaixonados por veículos de quatro rodas, com o sucesso reconhecido pela comunidade que se juntou ao clube desde a sua fundação. Também no seu currículo está o seu papel como animador na Zona Espetáculo de Mondim de Basto do Rali de Portugal de 2022. O seu papel como dinamizador de eventos desportivos tem sido fundamental para a promoção turística do concelho de Mondim de Basto, mas também da própria Serra do Alvão que contém um dos mais belos parque naturais a nível nacional.

Para 2023 a grande novidade do clube foi a realização do “I Car Spot” para automóveis desportivos que decorreu a 6 de maio, cujo prato principal foi a subida do Monte Farinha rumo ao Alto da Senhora da Graça. E isto em plena estrada fechada, num ambiente perfeitamente controlado pela organização e pelas autoridades, o que deu total liberdade para os bólides expressarem todo o seu poder de fogo. Tudo começou às 14h, em frente ao Hospital de Amarante, onde a maioria dos carros viria concentrar-se e, sob a “batuta” de um dos membros da organização, o Dr. Rui Monterroso, prestigiado médico dentista e gerente da Campus Clinic – com instalações em Amarante, Mondim de Basto e Celorico de Basto – e imbatível sport driver, tais “cavalos de batalha” fariam a primeira etapa do evento, percorrendo boa parte da EN210 e parte da EN304/EN312 até ao centro da vila de Mondim de Basto, de onde a “romaria” sairía rumo à Rua da Senhora da Graça, até ao ponto onde começaria a prova desportiva propriamente dita, mesmo ao pé das instalações do Clube Parapente de Basto. Aí se fariam os preparativos e ainda se beberiam doses de gin tónico sem álcool gratuitas, em pleno ambiente de confraternização entre os participantes e mesmo com gente da terra que viria a assistir a tão belo espetáculo. Enquanto isso, as máquinas ficavam estacionadas em fila, encabeçadas pelo carro oficial da organização, um especial BMW M2 CS. Um grupo de “panzers” alemães da Porsche encabeçou o cartaz – várias gerações do flat six 911, mas também do original roadster Boxster e até um exótico 718 Spyder derivado do Boxster de última geração -, mas também uma armada japonesa de cinco exemplares de duas gerações distintas do Subaru Impreza – inclusive a rara versão de três portas que serviu de homologação à versão com que Colin McRae correu nos primeiros tempos de piloto oficial da Subaru no WRC. A Renault Sport também marcou presença através do Mégane III RS de 265 cv, assim com a Mercedes-AMG através do seu GT Coupé de 4 portas, na poderosa versão GT 63 S 4MATIC+. A very british Aston Martin trouxe o seu Vantage V8 atmosférico da geração anterior à atual. A saga do Chevrolet Corvette esteve bem representada através do exemplar da geração C4 de motor V8 tipicamente americano. A Ford brindou-nos com duas espetaculares gerações do extinto Escort, o Escort MKII RS e o Escort MKIII RS Cosworth, bem como com um jovem Ford Fiesta ST200, o pocket rocket do grupo. Até a Volkswagen apresentou um exemplar do Golf MKVI GTI. Mais tarde, viria a maior atração do evento, da estrutura de Woking que fabrica os monolugares de Fórmula 1 e fundou a McLaren Automotive, nada mais nada menos que o esbelto hipercarro McLaren 720S, capaz de atingir uma velocidade máxima de 341 km/h e uma aceleração de 0 a 100 km/h em menos de 3 segundos. Momentos mais tarde, já na parte final da prova viria ainda uma surpresa deliciosa.

































Cada carro faria duas subidas ao Alto da Senhora da Graça, num trajeto de pouco mais de 6 km, ao ritmo de uma subida a cada dois minutos. A meteorologia deu uma grande ajuda, ainda que as nuvens cinzentas ameaçassem descarregar um pranto de chuva (caíram apenas algumas pinguinhas numa determinada altura). Todos os bólides mostraram-se em perfeiras condições de fazer a prova, revelando cada um o seu carácter em união com os seus domadores. Na primeira subida, contudo, um dos cinco Subaru Impreza acabou por danificar a transmissão logo no arranque para a sua primeira subida, sendo a única baixa a registar; quanto aos restantes Subaru, todos eles revelaram a força do flat four que tanta história escreveu e ainda escreve nos ralis em todo o mundo. Os Porsche mostraram uma linha do tempo alargada de evolução técnica, desde os anos 90 à atual década de 20 do presente século XXI, e não desiludiram na hora de subir a montanha. O Renault Mégane III RS mostrou a força dos seus 265 cv emanados do motor 2.0 turbo de quatro cilindros em linha e fez um arranque fulgurante sem fazer derrapagem, coadjuvado pelo seu chassis Cup. O muscle car americano, o Corvette C4 Convertible fez um arranque muito linear ao som do seu V8 5.7 big block. Os “britânicos” Ford Escort, o MK2 RS e o MK3 RS Cosworth, mostraram o porquê de serem excelentes bases para as versões de rali que fizeram história nos anos 80 e 90; quanto ao Ford Fiesta MK6 ST200, o arranque foi convincente, embora algo tímido. O Aston Martin V8 Vantage mostrou a sua classe de “agente secreto britânico”. Curiosamente, o Volkswagen Golf GTI foi o que mais marcas deixou no arranque, graças a um sistema de tração dianteira fabuloso, um dos melhores do segmento dos hothatches. O McLaren 720S mostrou ser um verdadeiro “unicórnio” ao exibir toda a sua beleza esbelta e tremendamente eficaz sob o ponto de vista aerodinâmico, bem como o poder do motor V8 biturbo que, tal como a designação sugere, produz 720 cv de potência máxima; após o final da primeira série de subidas, o bólide da marca automóvel do grupo fundado por Bruce McLaren despediu-se e passou o seu testemunho a um outro “unicórnio”, igualmente eficaz mas de formas e arestas muito diferentes, aguçado como um certo cabo localizado na ilha espanhola de Maiorca…






Eis que, na parte final da segunda série de subidas, surge a grande sensação do evento, o Cupra Formentor VZ5 do concessionário Irmãos Leite sediado em Vila Real, conduzido pelo seu consultor comercial da marca Cupra Ricardo Cardoso, que me convidou a fazer uma experiência de co-drive a bordo deste modelo. Ele que tinha sido o co-driver do dono do McLaren 720S (cuja identidade não vou revelar por questões de privacidade). O Cupra Formentor VZ5 é a versão mais potente e veloz da gama Formentor – um aguçado SUV de baixa estatura – tendo como elementos distintivos das restantes versões o motor 2.5 TFSI de cinco cilindros que produz 390 cv de potência máxima (5700-7000 rpm), binário máximo de 480 Nm e 4,2 s de aceleração de 0 a 100 km/h, as jantes exclusivas de 20 polegadas para pneus de tamanho 255/35 R20, o sistema de escape exclusivo de quatro ponteiras, os travões com pinças de seis êmbolos de discos ventilados flutuantes de 375 mm de diâmetro no eixo dianteiro e de discos ventilados com 310 mm de diâmetro no eixo traseiro, as duas bacquets frontais Sabelt inspiradas na competição automóvel com estrutura em fibra de carbono, a suspensão rebaixada em 10 mm face às restantes versões da gama – sistema McPherson com triângulo inferior e barra estabilizadora no eixo dianteiro, sistema multibraços com barra estabilizadora no eixo traseiro -, o sistema de tração integral às quatro rodas 4DRIVE (exatamente o mesmo sistema que o Quattro da Audi) com diferencial traseiro com vetorização de binário e, por fim, o modo de condução Drift, que potencia as espetaculares derrapagens controladas (apenas aconselhado para circuito e se tiver “kit de unhas”).
Antes deste novo co-drive memorável, já tinha feito algo do género no Caramulo Motorfestival de 2021 com o Alfa Romeo Stelvio Quadrifoglio, tendo como piloto o jornalista e diretor da Auto Drive, Pedro Silva, cujo vídeo pode ser clicado aqui. No mesmo ano testara um Cupra Formentor pela JOP Cupra, na versão Hybrid de 204 cv, cujo vídeo por ser clicado aqui.

Percorrer a Rua da Senhora da Graça em modo desportivo é muito diferente de fazê-lo em modo de passeio. Mas fazê-lo num Cupra Formentor VZ5 faz eclodir emoções muito fortes, e isso começa logo quando o motor ruge em modo Cupra. A forma como o carro se agarra à estrada mesmo em condições limite de aderência, nomeadamente em curvas apertadas e ganchos e zonas de mau piso, transmite um nível de segurança muito superior ao que se poderia imaginar, e nem em momento algum se ouve o chiar dos pneus. Tão depressa o carro entra em curva como sai num ápice rumo a uma nova reta, ou segmento serpenteado de estrada, e nem o aumento do declive a partir de determinado ponto do percurso faz dimunuir a força dos 390 cv do monstruoso motor de cinco cilindros de origem e heritage Audi, tal é a força motriz que o VZ5 transmite, resultante da união da tecnologia TFSI com a arquitetura de cinco cilindros em linha. Por momentos, julguei estarmos a percorrer as estradas alpinas do Passo de Stelvio, e na realidade o Monte Farinha corresponde a uma pequena porção deste passo de montanha italiano. Ou o Col de Turini, parte integrante do Rali de Monte Carlo que há décadas faz parte do Campeonato do Mundo de Ralis, onde um certo percursor do sistema integral às quatro rodas chamado Audi Quattro iniciou uma nova era dos ralis, em 1980, replicando o sistema na respetiva versão de estrada e em diversos modelos subsequentes da Audi, até aos dias de hoje. Também o Audi Quattro equipou-se com o motor de cinco cilindros, cuja arquitetura resistiu até aos dias de hoje, gloriosamente. E gentilmente, o grupo Volkswagen cedeu o pack completo a um novo conceito de carro que o Cupra Formentor representa dentro do segmento dos SUV: o CUV – Crossover Utility Vehicle. É por isso que, tendo em conta as sensações que o CUV transmitiu nas mãos e pés do Ricardo Cardoso – que graças a uma condução exímia espremeu todo o sumo que o carro tinha para dar numa estrada íngreme e serpentina -, se pode considerar mesmo que o Cupra Formentor serviria de base a um projeto de ralis adaptado aos tempos de hoje – nem que fosse um troféu monomarca -, pois parece um carro de ralis e faz lembrar na sua essência o Audi Quattro. Senão, vejam o seguinte vídeo…
Também ajuda o facto de o Formentor apresentar um design tão belo como eficaz, de linhas de “anca” e de tejadilho muito baixos, mesmo se tratando de um SUV. Humm… Mas será que o Ferrari Purosangue se inpirou no Cupra Formentor?… Já na descida, também pudemos comprovar a multifacetalidade do Cupra Formentor VZ5, pois afinal é um modelo para estrada pública e tem de ter sempre um modo mais confortável para o dia a dia, neste caso o modo Confort, e nesse modo tudo fica mais leve: motor, caixa, volante, pedais, suspensão… O Cupra Formentor VZ5, o modelo de combustão interna mais explosivo da Cupra desde que a antiga divisão desportiva da SEAT se transformou numa nova marca do grupo Vokswagen, é também um carro dócil e extremamente fácil de conduzir em modo relaxante. E também possui aptidões para troços não asfaltados ou pavimentados através do uso adequado do modo Offroad. Existe também o puro modo Sport (agressivo mas nem tanto como no modo Cupra) e ainda o modo Individual que permite ao condutor configurar o carro a seu bel-prazer. A velocidade máxima está limitada eletronicamente aos 250 km/h, e isso até nem é o ponto mais importante para um carro que foi concebido para devorar troços de rali e de montanha.





















A Objektus – agência de comunicação e design e parceira do Driver’s Club N304 – captou belas imagens da subida dos carros ao Alto da Senhora da Graça, que ilustram bem a beleza da paisagem e de diversas perspetivas das subidas dos carros e que podem ser vistas na página de grupo do Driver’s Club N304. Imagens memoráveis de um evento que teve seguimento com uma viagem pela estrada N304 em ritmo de romaria até um lugar secreto, onde os participantes iriam ter o seu repasto como recompensa pelos préstimos à “nação dos automóveis desportivos” em honra à Senhora da Graça. Quanto a mim e ao meu sogro, era hora de regressarmos a casa depois de termos assistido a momentos inolvidáveis de pura demonstração técnica dos bem variados modelos de estrada em terras de Mondim. Foi um momento épico, sem sombra de dúvida!

Endereço os meus parabéns ao Driver’s Club N304 pelo elevado nível de organização, bem como às autoridades por garantir que tudo correria pelo melhor e em nome da segurança. E a todos os participantes pelo excelente estado de conservação dos seus veículos de prazer desportivo e por terem aceite o desafio de participar numa prova desportiva e lúdica. Um agradecimento especial ao Ricardo Cardoso e à Irmãos Leite por me ter convidado a assistir ao evento e pelo privilégio de estar a bordo de um dos carros desportivos mais fascinantes do século XXI, com a perspetiva de estar ao volante do seu exemplar num futuro próximo. Tenho a firme certeza que novas edições do Car Spot serão realizadas, dado o sucesso deste primeira edição que teve o apoio institucional da Câmara Municipal de Mondim de Basto.
Como recordação deste evento – que inclui o meu co-drive no Cupra Formentor VZ5 -, deixo-vos aqui a caixa do vídeo sobre o evento publicado no canal de YouTube SPUNIQCARS VLOGS e na página de Facebook do blogue. Desfrutem do vídeo, porque vale mesmo a pena vê-lo de princípio ao fim!