A oitava e atual geração do icónico e intemporal Porsche 911, a 992, foi lançada em 2018. Não sendo necessariamente a mais marcante de toda a história, tem sabido honrar todos os pergaminhos que fizeram do 911 um desportivo muito especial, não só para a Porsche, mas também dentro do valioso património histórico de carros genuinamente desportivos construídos ao longo de toda a História do Automóvel. É certo que a restante gama de modelos Porsche tem ofuscado (até certo ponto) o sucesso comercial do benchmark da desportividade alemã, o que faz com que o 911 seja cada vez mais um modelo de nicho para os amantes de carros desportivos de carácter distinto e nível de potência elevado. E se a anterior geração (991) foi profícua em variadas versões e níveis de potência – o pináculo foi sem sombra de dúvida o monstruoso Porsche 911 GT2 RS que alcançou a barreira dos 700 cv de potência -, a presente geração vai caminhando no mesmo sentido, tendo já na sua gama as versões Carrera, Targa, Turbo e GT3 (sem mencionar as variantes de cada uma destas). Em termos espirituais, o design interior e exterior da atual geração 992 resgata traços da clássica geração “2.7 litros” (também conhecida como geração G), que na realidade compreeendeu as séries G, H, I e J, que foram produzidas nos anos de 1974, 1975, 1976 e 1977, respetivamente. E isso vai certamente ajudar a valorizar mais a presente geração no futuro. Até porque torna-se cada vez mais complicado perpetuar a lenda viva – que ainda possui tão só e apenas um bloco boxer de seis cilindros a gasolina e ainda não experimentou colocar sequer motorizações híbridas – na medida em que as exigências ambientalistas e as normas de descarbonização se tornam cada vez mais vincadas, mesmo com a invenção do combustível sintético que promete ser neutro em carbono e que a Porsche quer democratizar – investindo para tal mais de 75 milhões de dólares -, quanto mais não seja para alongar a vida ao praticamente sexagenário coupé de motor traseiro, cuja fórmula tem vindo constantemente a ser melhorada de geração em geração, sempre com mais e melhor tecnologia. Também por isto, justifica-se inequivocamente que a Porsche tenha construído o fabuloso 100% elétrico Taycan e empregue a tecnologia E-Hybrid nos modelos Panamera e Cayenne. E prepara-se para lançar a segunda geração do SUV Macan, que será totalmente elétrica. Mas, independentemente de tudo isto, há uma questão que se pode tornar cada vez mais pertinente: fará sentido a Porsche colocar no nine eleven um motor elétrico no lugar do flat-six, caso não consiga levar o lóbi do combustível sintético adiante? Ou, não havendo alternativa viável, fará mais sentido a Porsche terminar a produção do 911 para sempre, à semelhança do que a Volkswagen fez com o clássico Carocha?

A certa altura da história do 911 – o qual nasceu para ser um puro Gran Turismo (vulgo GT) -, surgiu aquela que é considerada a primeira versão afincadamente desportiva, e que teve a particularidade de adotar, para além das rodas de maiores dimensões (sobretudo na traseira) calçadas em jantes especiais Fuchs e travões maiores, um spoiler em forma de duck tail (em português significa “cauda de pato”), apêndice aerodinâmico colocado com o propósito de eliminar a instabilidade do eixo traseiro nas curvas. Seria o primeiro 911 a superar a barreira dos 200 cv de potência. Até então, a versão mais potente do 911 era a versão 911S, que possuia um motor boxer aspirado de 2,4 litros e 190 cv e apresentava uma aceleração de 0 a 100 km/h em 7,8 s e uma velocidade máxima de 228 km/h. Com um trabalho de emagrecimento que passou por eliminar tudo o que fosse dispensável, ou seja, carpetes, bancos traseiros e até a placa do emblema no capô (substituído por um adesivo com a forma do emblema), bem como um trabalho importante no motor de modo a aumentar a cilindrada – de 2,4 para 2,7 litros – e, com isso, a potência, recorrendo à mesma tecnologia adotada no puro modelo de corridas 917 que ganhou em Le Mans: um revestimento interno em liga de níquel e carboneto de sicílio. Outro elemento distintivo exterior consistiu nos grafismos “Carrera” cujas cores das listas laterais eram exatamente iguais à cores das jantes (conforme fosse vermelho, azul ou verde). Adotando o sistema de injeção mecânica Porsche, o carro conseguiu almejar a potência máxima de 210 cv às 6.300 rpm, uma aceleração de 0 a 100 km/h em 5,8 s e uma velocidade máxima de 243 km/h, com um peso de apenas 960 kg. Nascia assim, em 1973, o Porsche 911 Carrera 2.7 RS (RS de Rennsport), cujas 500 unidades produzidas serviriam de homologação para as versões de competição que viriam a correr na categoria de Grupo 4 a partir de 1973 em corridas de resistência chanceladas pela FIA. Foi a base necessária para os futuros Porsche 911 RSR que se tornaram populares e vitoriosos em todo o mundo em corridas de resistência (mas não só), com evoluções importantes que acompanharam em paralelo as gerações seguintes até aos dias de hoje, com o tremendo sucesso que se conhece e que continua a motivar as sucessivas administrações da firma de Estugarda a dar continuidade à história “mitológica” do 911.
Sendo o clássico 911 Carrera RS de 1973 um dos mais valorizados modelos da saga 911 de sempre, tal serviu de inspiração para uma versão especial da geração 997 do Porsche 911, produzida em 2010 e 2011: o Porsche 911 Sport Classic. Replicando a “cauda de pato” que tanto furor fez com o original Carrera RS, foi produzido em apenas 250 unidades pelo departamento Porsche Exclusive Manufaktur, todas elas numeradas, o que o torna tão exclusivo nos dias de hoje, ao ponto de a sua cotação atingir (ou até mesmo ultrapassar) as 300 mil libras. O motor boxer de seis cilindros, naturalmente aspirado mas já não refrigerado a ar mas sim a água (o atual sistema de refrigeração começou com a geração 996), apresentou uma capacidade de 3,8 litros, atingindo uma potência máxima de 408 cv e um binário máximo de 420 Nm, sendo ainda equipado com um coletor de admissão recém-desenvolvido com 6 abas de comutação controladas a vácuo. A transmissão, feita apenas às rodas traseiras, é comandada por uma caixa manual de 6 velocidades. O Sport Classic foi ainda equipado exclusivamente com: um tejadilho de bolha dupla, um paralamas traseiro de 44 mm, o sistema de travagem com discos carbocerâmicos Porsche Ceramic Composite Braking (PCCB), a suspensão desportiva PASM rebaixada em 20 mm, um diferencial mecânico no eixo traseiro, jantes pretas Fuchs de 19 polegadas, bancos e guarnições das portas em couro Porsche Exclusive, painel de instrumentos com estofos em pele natural Espresso Nature e, por fim, a distintiva cor da carroçaria Sport Classic Grey, com duas listas ligeiramente mais cinzentas a percorrer o centro da carroçaria desde o capô frontal até à ponta da “cauda de pato”. Ainda antes de ser oficialmente revelado no Salão de Frankfurt de 2009, já todas as 250 unidades tinham sido vendidas; afinal trata-se tão só de uma edição tão exclusiva quanto revivalista de uma glória do passado que marcou um importante salto desportivo no que respeita à história do coupé de motor flat-six traseiro.
Compreensivelmente ou talvez não, a Porsche não fez uma nova edição do Sport Classic na geração 991, isto apesar de esta ter sido a que mais versões teve do 911, incluindo o revivalista Carrera T e até o exclusivo Turbo S Exclusive Series (outro produto da Porsche Exclusive Manufaktur), que mereceu uma apresentação interativa ao vivo para todo o mundo através de um sítio de internet dedicado da Porsche, apenas para quem tivesse feito o registo nessa plataforma. Foi preciso esperar pela atual geração 992 para que os saudosistas pudessem assistir ao renascimento do 911 Sport Classic. Escusado será dizer que a fonte de inspiração é exatamente a mesma do Sport Classic primogénito. Mas desta feita, o resultado supera todas as expectativas, refletindo uma espécie de “ecstasy of gold”. De tal modo que a Porsche realizou propositadamente uma produção cinematográfica muito especial de apresentação do novo modelo revivalista, o qual tem o condão de despertar sentimentos de amor, paixão, nostalgia e saudade de tempos idos que, não voltando mais, trazem sempre boas recordações. A banda sonora que acompanha a sequência lógica de imagens é composta pelo tema musical “(Where Do I Begin) Love Story” (uma adaptação a partir do tema melódico do filme Love Story de 1970) cuja versão (bem remasterizada) é interpretada pela ainda viva Dame Shirley Bassey, a mesma cantora que cantou três temas de bandas sonoras dos filmes da saga 007 (Goldfinger, Diamonds Are Forever e Moonraker). Um vídeo imperdível, que servirá de fonte de inspiração para tantos os que desejam ter um exemplar do novo ícone nas suas mãos; mas desses tantos, apenas 1250 felizardos terão essa sorte, desde que tenham dinheiro e se antecipem… sempre são 5 vezes mais do que o número de proprietários que conseguiram adquirir o primeiro Sport Classic da história da Porsche.
O NOVO PORSCHE 911 SPORT CLASSIC AO DETALHE
O novo Porsche 911 Sport Classic é o mais recente produto do departamento de heritage Porsche Exclusive Manufaktur, tendo sido oficialmente apresentado a 28 de abril de 2022. Desta vez, não será produzido em apenas 250 unidades como aconteceu na série 997, mas sim num número cinco vezes superior, ou seja, 1250 unidades. Como não podia deixar de ser, a sua grande fonte de inspiração é o Porsche 911 Carrera 2.7 RS de 1973, como denuncia o novo spoiler em forma de “cauda de pato”, contudo as novas jantes de cinco raios prateadas (de 20 polegadas à frente e 21 polegadas atrás) prestam homenagem, não ao mesmo modelo, mas sim ao Porsche 911S que foi fabricado na mesma época. O tejadilho de dupla bolha também não podia faltar neste novo capítulo da série especial, assim como a cor exclusiva da carroçaria, em Cinzento Sport metalizado. Mas atenção! Quem não gostar desta cor exclusiva, sempre pode optar por uma das outras três disponíveis: Cinzento Ágata metalizado, Azul Gentiana metalizado e Preto.






Tecnicamente baseado na família Turbo (Turbo e Turbo S) da atual geração 992, o novo Sport Classic apresenta o mesmo bloco flat-six biturbo de 3745 cm³ de capacidade, mas com a benesse de a transmissão de potência ser feita apenas às rodas traseiras através de uma caixa manual de sete velocidades com volante bimassa, a mesma que está disponível nas versões de performance Carrera S, Carrera 4S, Carrera GTS, Carrera 4 GTS, Targa 4S e Targa 4 GTS. Este detalhe é claramente delicioso para os puristas da condução desportiva. No caso do Sport Classic, a caixa manual possui uma função de auto-blip, que compensa as diferenças de rotação do motor com um breve aumento de rotações aquando das reduções de caixa. Complementando esta característica, o sistema de escape desportivo herdado das versões Turbo foi especialmente adaptado de modo a proporcionar uma experiência sonora mais nítida, mais refinada, mais… saudosista! Por se tratar de uma versão revivalista com tração traseira, é natural que a potência tenha sido reduzida (dos 580 cv da normal versão Turbo) para os 550 cv, os quais são atingidos às 6750 rpm, ao passo que o binário máximo é ajustado para os 600 Nm, mantidos num intervalo nitidamente superior de rpm (entre as 2000 e as 6000 rpm). Mesmo assim, o novo 911 Sport Classic é incrivelmente potente, sendo mesmo, oficialmente, a versão mais potente de sempre com caixa manual, a qual permite uma aceleração de 0 a 100 km/h em 4,1 segundos e uma velocidade máxima de 315 km/h. De série, o novo modelo classicista está ainda equipado com o sistema de amortecimento adaptativo Porsche Active Suspension Management (PASM) com acerto desportivo que reduz a altura ao solo em 10 mm, o conjunto de travões carbocerâmicos, o sistema Porsche Dynamic Chassis Control (PDCC) e ainda o Sport Chrono Package.







Existem ainda outros detalhes deliciosos no exterior. De facto, a carroçaria é a mesma de um 911 Turbo, mas com diferenças e acrescentos exclusivos. A começar pelas duas entradas de ar laterais, que são inexistentes. O capô, o tejadilho de dupla bolha e ainda o spoiler em forma de “cauda de pato” foram fabricados em plástico reforçado com fibra de carbono (CFRP). O lábio do spoiler dianteiro apresenta um desenho exclusivo e foi pintado na mesma cor da carroçaria, assim como as saias laterais SportDesign. A moldura da parte inferior dos espelhos retrovisores (incluindo a base do espelho) foi pintada em Preto Brilhante. Também pintados em Preto Brilhante estão as lamelas das entradas de ar traseiras, as lamelas de entrada de ar dianteiras e o para-choques traseiro SportDesign. As molduras das janelas são em preto. As placas com logótipo “PORSCHE” e a designação “911 Sport Classic” foram maquiados num brilhante e consistente dourado (não se pode afirmar que as placas sejam de facto em ouro, mas…). Nas laterais do carro estão estampados detalhes evocativos da competição automóvel – o lollipop com o número de partida e a inscrição “PORSCHE” – na cor Cinzento Sport Claro, a mesma cor que é utilizada nas two stripes do centro da carroçaria que se estendem da extremidade do capô dianteiro até à extremidade da “cauda de pato”. Na grelha da entrada de ar traseira, do lado direito está fixada uma placa circular com a menção “Porsche Heritage”. A fim de glorificar os “velhos tempos”, o capô do Sport Classic não ficou estampado com a atual versão do escudo da Porsche, mas sim com uma variante mais dourada do histórico escudo de 1963. O mesmo escudo aparece no centro das porcas centrais das belíssimas jantes de cinco raios exclusivas Sport Classic. Nos guarda-lamas dianteiros foi colocada uma placa com o símbolo da Porsche Exclusive Manufaktur, atestando a extremo profissionalismo com que os mestres artesãos fizeram os retoques finais.
E os retoques finais não se resumem ao exterior. O interior do 911 Sport Classic é claramente coerente com a filosofia de revestimento adotada nos anos 60, que foi trazida e adaptada para os tempos atuais. Aproveitando a excelente base do design interior do atual 911 Carrera – o qual por si só tem remanescências claras do passado -, o habitáculo apresenta elementos de alta costura cujo padrão já era utilizado no Porsche 356 (em pedidos especiais) e foi estreado oficialmente nos primeros 911, em 1965; trata-se nada mais nada menos do que o tecido de padrão Pepita, em xadrez preto e branco com riscas diagonais, presente nos centros dos bancos e nos paineis das portas. Em volta deste tecido, todo o interior tem aspeto bicolor de altíssima qualidade, conjugando pele Walknappa Preta com pele semi anilina em Cognac Clássico, que mantém aparência natural e suave graças ao processo especial de bronzeamento, combinando com a aplicação em madeira de poros abertos que reveste a parte horizontal do centro do tablier. Nessa aplicação decorativa em madeira, na zona do passageiro do lado encontra-se fixada a placa dourada de edição limitada, com a inscrição “911”, a designação do modelo e o número de exemplar da edição limitada, o que ajuda a tornar único cada um dos 1250 exemplares. O escudo histórico de 1963 também marca presença no interior, nomeadamente no volante desportivo, nos encostos de cabeça, na chave do carro pintada e no porta-chaves (este último feito na mesma pele Walknappa aplicada no interior. O conta-rotações analógico com agulha clássica, embutido no centro do painel de instrumentos digital, assim como os próprios mostradores digitais, apresentam um layout específicamente desenhado em homenagem ao Porsche 356, com ponteiros brancos e números em verde esmeralda, sendo que o conta-rotações apresenta duas escalas de rotações nas cores verde esmeralda (escala intermédia) e vermelha (escala do red line), tal como o conta-rotações do Porsche 356. Também o cronómetro Sport Chrono apresenta um desenho clássico inspirado justamente no primeiro modelo de série da Porsche. A designação do modelo está impregnada no conta-rotações, mas também nas proteções das soleiras das portas com acabamento brilhante em Prata Claro, cuja inscrição fica iluminada assim que as portas se abrem, o que é ideal para ambientes mais noturnos. Na tampa do compartimento de arrumação localizada na zona entre os bancos dianteiros encontra-se gravado em plena pele fina, de forma perfeita, a inscrição “PORSCHE Exclusive Manufaktur”. O tejadilho, bem como os pilares A/B/C são revestidos em Race-Tex, um tipo de revestimento perfurado que remete os ocupantes para os anos 60 e 70, transmitindo uma sensação de arejamento relaxante. Por fim, os tapetes Heritage Design foram especialmente desenhados para o 911 Sport Classic, sendo compostos de alcatifa contemporânea com rebordo fino em pele.
À data de publicação deste artigo, já é possível encomendar o novo Porsche 911 Sport Classic, com preços para Portugal a partir de 331.353 euros, estando as primeiras entregas previstas para julho do presente ano de 2022.

PORSCHE 911 (992) SPORT CLASSIC – CLASSICISMO DESPORTIVO OU DESPORTIVIDADE CLÁSSICA?
Mas, afinal, o novo Porsche 911 Sport Classic encarna o classicismo desportivo ou a desportividade clássica? Na verdade, não é muito fácil responder a esta pergunta. Ou melhor, pode-se afirmar que encarna ambas as facetas.
Começando pelo classicismo desportivo, não é descabido afirmar que o novo 911 Sport Classic é um carro renascentista (ou classicista) pois, fazendo uma analogia ao movimento cultural que fez parte do Renascimento europeu, procurou enaltecer a busca pelo equilíbrio, pela proporção, pela objetividade e pela transparência no processo de conceção do conceito do 911, prestando um tributo ao passado, isto é, ao Porsche 911 original, cujo conceito – que perdurou até aos dias de hoje com constantes melhorias – marcou uma nova era de liberdade no que respeita ao conceito do Automóvel, na medida em que ousou desafiar convenções estabelecidas por outros construtores de carros desportivos e de Grande Turismo; quando a Porsche trouxe o 911 Carrera 2.7 RS, foi o momento em que o classicismo se tornou desportivo (e o mote para o surgimento da mais radical saga RSR, que atualmente tem expressão exclusiva nas corridas de endurance internacionais), democratizando largamente a presença da Porsche no automobilismo mundial e regional (Portugal é um importante exemplo disso) até aos dias de hoje.
O novo Porsche 911 Sport Classic é também sinónimo de desportividade clássica. Isto porque, para além de um nível de exclusividade superior a todas as restantes versões do atual 911, interpreta retrospetivamente a época em que foram construídos os clássicos desportivos da Porsche, seja no seu aspeto exterior claramente revivalista, seja também no interior, onde abunda a pele bicolor de qualidade premium e pormenores estilísticos que remetem ao período ancestral da marca de Ferdinand Porsche; por isso faz todo o sentido a total ausência de tecido Alcantara. Não obstante o facto de assentar numa base de carroçaria-chassis-motor de elevada tecnologia, o purismo da condução desportiva não foi esquecido, razão pela qual foi acoplada ao motor boxer 3.7 biturbo uma caixa manual com transmissão apenas às rodas traseiras. A redução do input nos campos da potência e do binário teve como finalidade tornar o Sport Classic ligeiramente mais manso e, ao mesmo tempo, mais agradável de conduzir no limite, maximizando o prazer das passagens de marcha através da sólida alavanca da caixa de velocidades. Desta forma, o departamento Porsche Exclusive Manufaktur confere ao modelo uma aura desportiva clássica, mais estradista do que racing, colocando mais em foco o prazer de condução do que a performance, esta por si só de nível superior a outras versões da geração 992.

CONCLUSÃO
Mais uma vez a Porsche está de parabéns por ter ressuscitado gloriosas memórias do passado através de uma nova edição do 911 Sport Classic. Não se trata de um mero 911 Turbo requalificado, mas sim uma versão distinta pelo seu grau de exclusividade e de retrospetiva histórica. Tudo o que podia ser feito para tornar o modelo distinto dos demais da restante gama foi feito. Mais um carro de sonho, com engenharia 100% alemã, foi construído com muito amor, dedicação e know how. O resultado final encontra paralelo na versão remasterizada da gravação original do tema musical “(Where Do I Begin) Love Story” que serve de banda sonora ao vídeo de apresentação do novo modelo. É claro que a exclusividade paga-se caro, afinal trata-se da versão mais cara de toda a gama Porsche. Tal não irá impedir que todas as 1250 unidades sejam vendidas e mais tarde colocadas em leilão a preço bem superior. Sendo ainda uma versão hommage, o proprietário de um exemplar tem o privilégio de usufruir e estimar uma verdadeira obra-prima do legado histórico e da evolução tecnológica da Porsche.
“No começo, eu olhava em volta e não conseguia encontrar o carro dos meus sonhos: um carro desportivo pequeno, leve e que usasse a energia de maneira eficiente. Então eu decidi construí-lo com minhas próprias mãos.”, assim afirmou Ferdinand Porsche quando se viu confrontado com a ideia de levar a sua firma para novos caminhos de prosperidade, desportividade e de evolução tecnológica. Com o 911 (992) Sport Classic, a Porsche deu mais um passo que irá perpetuar a sua essência enquanto construtora de carros de sonho. E, claro está, não se vai ficar por aqui…