Porsche Mission E Cross Turismo Concept – a primeira evolução a partir do Mission E original

Esta é uma das novidades mais sonantes do Salão de Genebra de 2018. A 6 de março de 2018, a Porsche fez a apresentação, ainda que em forma de protótipo de estudo, daquilo a que a marca germânica resolveu catalogar de “Cross Utility Veichle”. Chama-se Mission E Cross Turismo Concept, e tem por base do Mission E original que foi mostrado em 2015 no IAA. É também um marco inequívoco de que a firma fundada por Ferdinand Porsche está em velocidade de cruzeiro para lançar em 2019 a primeira gama de carros motorizados a 100% por unidades elétricas.

Desta feita a silhueta assemelha-se à do Panamera Sport Turismo, a que se juntam atributos que fazem dele um carro vocacionado para andar também em trilhos de terra num contexto de lazer e aventura: distância ao solo mais alta, proteções extra das cavas das rodas, rodas de perfil mais alto, proteções estilísticas nos parachoques e nas soleiras e, por fim, uma maior capacidade da bagageira, especialmente concebida para transportar pranchas de surf ou mesmo uma bicicleta elétrica da Porsche. Em suma, características de off road. Ah, e tal como o Porsche 911, ainda existe uma bagageira por debaixo da capota frontal.

O pormenor da capota baixa entre duas saliências altamente curvas é altamente inspirado no ícone 911, ao qual se junta as entradas de ar verticais, também conhecidas como cortinas de ar. Outro marco distintivo são os faróis LED em forma de matrix; as familiares luzes de corrida diurnas de quatro pontos evoluíram para elementos de vidro estreitos e tridimensionais, que estão incorporados em quatro asas de varredura (uma em cada lado do farol). Na mesma estrutura do farol estão inseridos os indicadores de direção inovadores de quatro pontos. Ao mesmo tempo, o carro possui feixes de alto desempenho dotados da tecnologia Porsche X-Sight.

Mais um elemento distintivo do Mission E Cross Turismo: a forma dinâmica das janelas laterais. As asas largas e os painéis laterais tridimensionais com saídas de ar atrás das rodas dianteiras, assim como as soleiras das portas laterais e as rodas de 20” com pneus de dimensões 275/40 R 20, reforçam o caráter desportivo do conceito de carro, que tem 1,99 metros de largura.

Mesmo de trás, o protótipo pode ser reconhecido imediatamente como um Porsche pela sua pintura metálica exclusiva em cinza claro. Além do seu design desportivo e do spoiler de canalização de ar em forma de telhado, o feixe de luz vermelha contínua é uma apenas mais característica típica que tem embelezado os últimos modelos Porsche. O logótipo branco luminescente da Porsche é composto por letras de vidro embutidas numa tampa tridimensional com uma placa com desenho de circuito. Aquando do processo de carregamento das baterias, a letra E contida no logótipo pisca como se fossem batimentos de um coração, acontecendo o mesmo com a dita placa, tornando o fluxo de energia visualmente impressionante para potenciais clientes. Um grande telhado de vidro panorâmico que se estende do pára-brisas para a tampa da bagageira proporciona uma sensação generosa de espaço.

Num modelo claramente vocacionado para as diversas aventuras de lazer e aventura, os passageiros podem beneficiar da natureza flexível do habitáculo de quatro lugares, que mede 1,42 metros de altura. Por exemplo, o encosto de cada assento individual na parte traseira tem uma instalação de carga que pode ser usada para esquis e outros equipamentos longos. Cada um dos encostos pode ser rebatido no ângulo desejado. Adicionalmente, a bagageira contém um sistema ferroviário com correias ajustáveis e removíveis, concebidas para agarrar objetos de forma rápida e segura. Para dar aos passageiros do Mission E Cross Turismo várias opções de mobilidade para além do carro, a bicicleta elétrica Porsche suporta o condutor com uma poderosa movimentação elétrica quando os pedais são girados, mantendo-o em perfeita sintonia com o espírito de performance característico da Porsche.

O interior revela a tradição e o classicismo que são trazidos para a era de digitalização da Porsche. A começar pelo painel de instrumentos, que enfatiza a largura do veículo e é composto por duas partes superior e inferior, em forma de asa, sendo ele claramente organizado horizontalmente com uma tela extremamente larga e panorâmica para o condutor e o pendura. Existe ainda um painel de instrumentos independente inclinado para o condutor, o qual inclui três gráficos de exibição circulares com conteúdo digital em tela TFT. A consola central assente entre os bancos dianteiros tem uma zona de inclinação que liga a base ao painel de instrumentos. Em combinação com a iluminação do meio ambiente, a iluminação indireta da consola central cria uma atmosfera única de claridade mesmo em ambiente noturno. Outro ponto fundamental – sobretudo para quem conhece muito bem a história gloriosa da Porsche – é de que o interior combina elementos distintos tais como os bancos desportivos, o volante retro e as letras iluminadas do logótipo, que aludem ao passado e presente da Porsche na competição automóvel.

O inovador conceito de exibição do painel de instrumentos e do operacionalidade do mesmo é, aliás, um destaque de design do Mission E Cross Turismo. A otimização da posição de visionamento das informações faz com que o condutor não se distraia na sua missão de “levar o barco a bom porto”. Graças a novas soluções de conectividade que serão já de seguida descritas, a experiência de interação com o veículo e o ambiente a bordo será única.

Painel de instrumentos do condutor com Eye-tracking Control – este painel compreende três instrumentos digitais redondos que estão divididos em áreas para o Porsche Connect, a performance, modos de condução, energia e o Sport Chrono. Com recurso a uma câmara localizada no retrovisor, o sistema que recorre ao olho humano deteta qual instrumento o condutor está à procura e, consoante a necessidade, coloca em primeiro plano a função requerida e as restantes funções passam para o segundo plano assim que o condutor desvia o olhar. A operação requerida é depois realizada com recurso a comandos de toque inteligente localizados no volante.

Painel de instrumentos do passageiro do lado – este é o painel que se estende, desde o centro do tablier, por toda a largura do lado do passageiro. Utilizando o Eye-tracking Control e a tecnologia de toque no ecrã, o pendura pode controlar várias aplicações de serviços de média, navegação, ar condicionado e até listas de contacto pessoais.

Consola central – é um painel operado com a tecnologia de toque no ecrã com um menu de informações detalhadas.

Pequenos ecrãs táteis – estes estão colocados tanto nos módulos de elevação multifunções das janelas (para funções de ajuste dos assentos e do nível de conforto) como também nas saídas de ventilação metálicas localizadas em ambas as extremidades do painel de instrumentos. Por exemplo, deslizar o dedo da esquerda para a direita pode aumentar a velocidade do ventilador.

Cabine inteligente – esta funcionalidade simplifica a operação. As configurações do veículo, o clima interior e a iluminação ambiente são adaptados automaticamente de acordo com as preferências dos ocupantes e momento da condução.

Fora do veículo – mesmo fora do veículo, o condutor pode aceder a uma ampla gama de informações e fazer configurações: todas as opções de personalização podem ser planeadas antes, usando um tablet, smartphone ou smartwatch, desde o ar condicionado até ao sistema de navegação a bordo.

Viajemos agora pelas partes ainda mais interessantes: a mecânica, a performance e a dinâmica.

Tal como o Mission E original, o Cross Turismo faz-se mover por dois motores síncronos magnéticos permanentes  (PSM), um por cada eixo, que produzem juntos uma energia de 440 kW (cerca de 600 cavalos), fazendo-o acelerar dos 0 aos 100 km/h em 3,5 segundos e dos 0 aos 200 km/h em 12 segundos. Além do mais, são muito poucos os elétricos que conseguem uma performance igual ou superior a este, sendo que é perfeitamente natural de que constantes acelerações sejam sistematicamente feitas sem qualquer perda de eficiência. Mesmo em terra batida, não é previsível que haja perda de performance, graças à incorporação do sistema de tração integral Porsche Torque Vectoring, que garante a entrega individual de binário, consoante o nível de motricidade exigido, e de forma automática, para cada uma das rodas.

As baterias podem ser carregadas com um sistema de carregamento por fios que suporta a voltagem até 800 volts, permitindo carregamentos rápidos, havendo ainda a opção de carregamento por indução, seja numa estação de carregamento, seja com o sistema doméstico de armazenamento de energia da Porsche. Tal voltagem permite que sejam necessários apenas 15 minutos para garantir 400 Km de autonomia, sendo que a autonomia máxima do veículo é de 500 Km, com zero emissões de dióxido de carbono.

O sistema de quatro rodas contribui para a agilidade e estabilidade exemplar do veículo. A suspensão pneumática adaptativa aumenta a distância ao solo até 50 milímetros. O Porsche Dynamic Chassis Control (PDCC) também está presente, garantindo estabilidade no rolamento e impedindo a inclinação lateral do veículo nas curvas em superfícies irregulares.

Se todos estes argumentos (e o dinheiro) não chegam para se comprar um exemplar destes em versão definitiva, há mais um: a portuguesa Efacec, líder mundial no mercado de infra-estruturas de carregamento rápido para veículos eléctricos, será a fornecedora exclusiva de carregadores rápidos para a Porsche poder usufruir dos mesmos em vários pontos da Europa (ler notícia completa no sitio de internet do Jornal de Negócios).

Será que, pelo facto da Porsche poder um dia fabricar exclusivamente carros elétricos, irá perder a sua essência como construtor de carros desportivos com design, dinâmica e aerodinâmica apurados? Já imaginaram, porventura, um 911 com motor elétrico? Pois bem, esse dia já esteve mais longe…